O mercado financeiro enfrenta forte turbulência nesta sexta-feira, 4, com o dólar disparando 3,28% e atingindo R$ 5,81, impulsionado pela retaliação chinesa ao novo pacote tarifário dos Estados Unidos. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, segue a tendência global e registra queda de quase 3%, refletindo o temor de uma crise econômica mais ampla.
O movimento ocorre após o governo chinês anunciar tarifas de 34% sobre produtos norte-americanos e impor restrições à exportação de terras raras, minerais essenciais para a indústria tecnológica. A medida é uma resposta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que elevou tarifas sobre mercadorias chinesas para até 54%.
A escalada das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo alimenta o receio de uma recessão global. Analistas alertam que os custos mais altos podem gerar uma inflação global e desacelerar o consumo, impactando cadeias produtivas em diversos países.
O dólar, considerado um ativo seguro em tempos de crise, é o grande beneficiado deste cenário de incerteza. Por volta das 13h45, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,81, após atingir a máxima de R$ 5,82. Na quinta-feira, 3, o dólar havia recuado 1,23%, fechando a R$ 5,62, o menor valor do ano.
Enquanto isso, o Ibovespa desaba, refletindo a aversão ao risco por parte dos investidores. O índice recua 2,93%, sendo negociado a 127.299 pontos, depois de atingir a mínima de 126.466 pontos no dia.
Os mercados internacionais também sofrem com a instabilidade. Bolsas da Europa e da Ásia registraram perdas expressivas, enquanto os principais índices de Wall Street abriram em forte queda. O setor tecnológico, altamente dependente dos minerais chineses, é um dos mais impactados.
A decisão de Trump de aumentar tarifas é vista como uma tentativa de pressionar os países a transferirem suas produções para os EUA, mas especialistas alertam que a estratégia pode sair pela culatra. O aumento dos custos para empresas e consumidores pode gerar um efeito dominó, reduzindo o consumo e impactando o crescimento econômico global.
Na Europa, líderes criticaram a postura de Trump. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, classificou as tarifas como "um golpe duro para a economia global". O chanceler alemão, Olaf Scholz, chamou a medida de "errada e prejudicial", enquanto Emmanuel Macron, presidente da França, pediu que empresas europeias reavaliem seus investimentos nos EUA.
No Brasil, o Senado aprovou um projeto que permite ao governo impor retaliações comerciais contra países que dificultem a entrada de produtos brasileiros. A medida é vista como uma forma de proteção da economia nacional em meio às turbulências internacionais.
A guerra comercial entre China e EUA adiciona um novo elemento de volatilidade a um mercado que já enfrentava desafios, como a política monetária restritiva nos principais bancos centrais. Investidores seguem atentos aos próximos desdobramentos e à possibilidade de novos países aderirem à onda de retaliações tarifárias.
Para o Brasil, um cenário de forte alta do dólar pode pressionar a inflação e dificultar a recuperação econômica, especialmente em setores que dependem de importações. Com os mercados globais cada vez mais instáveis, a incerteza é a única certeza para os próximos meses.