IMIGRAÇÃO NOS EUA

Trump lança 'Gold Card' com promessa de cidadania a estrangeiros por US$ 5 milhões

Programa pretende atrair grandes investidores com direito à residência legal e futura cidadania americana; novo visto substituirá o atual EB-5

 

Um cartão reluzente, com o rosto de Donald Trump em destaque, a Estátua da Liberdade ao fundo e uma águia americana em pose majestosa. Essa é a imagem símbolo do mais novo projeto do presidente dos Estados Unidos: o "Gold Card", um visto premium para estrangeiros dispostos a desembolsar US$ 5 milhões (cerca de R$ 28 milhões) para viver legalmente no país e, futuramente, se tornar cidadão norte-americano.

Apresentado oficialmente na quinta-feira, 3, a bordo do avião presidencial, o Air Force One, o programa será implementado nas próximas semanas e já promete ser um dos mais controversos da atual gestão. Trump declarou ter sido o “primeiro comprador” do próprio cartão, em um gesto simbólico para promover o projeto entre empresários do mundo todo.

A proposta é simples e direta: o estrangeiro que investir US$ 5 milhões no Tesouro americano poderá receber um visto de residência permanente. O processo começará ainda no país de origem do solicitante, com uma triagem feita por autoridades dos EUA. Uma vez aprovado, o investidor terá autorização para morar legalmente nos Estados Unidos e, mais adiante, poderá solicitar a cidadania.

A iniciativa visa substituir o atual modelo EB-5, que concede residência a quem investe e gera ao menos 10 empregos nos EUA. Segundo o secretário de Comércio, Howard Lutnick, o novo formato é mais ágil, menos burocrático e pode ser utilizado também por empresas americanas para contratar profissionais qualificados do exterior.

A estética do cartão, apelidado por Trump de “O Cartão Trump”, remete diretamente à identidade patriótica americana. Dourado, com símbolos nacionais e a assinatura do presidente estampada, o documento assume um caráter quase de colecionável. Mas o projeto também levanta questionamentos: especialistas e opositores já alertam para os riscos de abrir caminho para compra direta de cidadania, incluindo possíveis interesses de oligarcas e figuras ligadas a regimes autoritários.

Programas semelhantes já foram aplicados por países europeus, como Portugal, Espanha e Malta, nos últimos anos. Conhecidos como “vistos dourados”, esses sistemas ofereciam residência a quem investisse em imóveis ou ativos financeiros. Porém, preocupações com segurança e lavagem de dinheiro levaram a Comissão Europeia a pressionar pelo fim desses programas. Em resposta, diversas nações suspenderam ou reformularam seus modelos.

Trump, no entanto, aposta na exclusividade do “Gold Card”. “Talvez vendamos um milhão deles”, afirmou, sem descartar possíveis compradores russos ou de outros países com histórico controverso de negócios no exterior.

Com a eleição presidencial se aproximando, o novo visto surge também como uma jogada política para reforçar a imagem de Trump como empreendedor e defensor do capitalismo de resultados. A Casa Branca ainda não divulgou números oficiais sobre metas ou limites do programa, mas a expectativa é que a arrecadação bilionária contribua para fortalecer a economia americana, ao custo de transformar a cidadania em um produto de luxo.

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