A cidade de Belém está implementando soluções tecnológicas sustentáveis para o tratamento de água e efluentes urbanos em preparação para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em novembro de 2025. Dois projetos emblemáticos, o Parque da Cidade e a Nova Doca, adotam sistemas naturais de purificação da água, tornando-se referências em infraestrutura ecológica para a região amazônica.
No Parque da Cidade, um dos maiores projetos urbanos sustentáveis da capital, estão sendo instalados sistemas de wetlands construídos, também conhecidos como "jardins filtrantes". O mecanismo utiliza plantas aquáticas para remover impurezas da água sem o uso de produtos químicos, proporcionando um tratamento eficiente e de baixo impacto ambiental. A estrutura contará com dois sistemas verticais de filtragem, capazes de processar entre 22 e 118 m³ de efluentes diários, beneficiando até 2.800 pessoas.
A tecnologia de wetlands já é amplamente utilizada em diversos países. Nos Estados Unidos, ela aprimora o tratamento de efluentes urbanos e industriais, enquanto no Reino Unido, o maior sistema do gênero trata águas residuais antes de chegarem aos reservatórios de abastecimento. Em Omã, um projeto de 360 hectares emprega essa técnica para purificar águas provenientes da extração de petróleo.
No Brasil, a Vale está entre as empresas que investem na aplicação dessa tecnologia. Para o diretor de Valor Social da companhia, Lourival Neto, a implementação desse modelo representa um grande avanço para Belém.
A estrutura do parque contará com oito espécies vegetais fitorremediadoras, incluindo papiro, taboa e cana-índica, que auxiliam no processo de filtragem. Além disso, o espaço investe na captação de água da chuva e em energia solar fotovoltaica, contribuindo ainda mais para a redução da pegada ecológica da cidade.
Outro projeto em andamento é a revitalização da Nova Doca, que também aposta em soluções sustentáveis para a purificação da água. O local contará com wetlands flutuantes, pequenas ilhas cobertas por plantas fitorremediadoras que absorvem poluentes diretamente da superfície da água, recriando um ecossistema natural de filtragem.
O projeto também incorpora jardins de chuva e biovaletas, técnicas que auxiliam na retenção e tratamento de escoamento pluvial antes que a água chegue aos rios. Com 63% das obras concluídas, a Nova Doca se prepara para ser um dos principais cartões-postais de Belém, interligando-se a pontos turísticos como o Porto Futuro II e a Estrela da Amazônia.
Com um plano urbanístico focado na sustentabilidade, Belém não apenas se prepara para sediar a COP 30, mas também investe em transformações que ficarão como legado para a população. O Parque da Cidade, previsto para ser concluído até 2026, será um dos maiores complexos de lazer e meio ambiente do Brasil, abrigando trilhas ecológicas, um lago artificial e um boulevard gastronômico.
Com essas iniciativas, Belém mostra que a COP 30 será um marco na transição da cidade para um futuro mais verde e sustentável.