A greve dos peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) segue impactando diretamente milhares de segurados no Pará. Desde o início da paralisação, em setembro de 2024, cerca de 29 mil pessoas aguardam a realização da perícia médica para concessão de benefícios. No estado, 26% dos profissionais aderiram ao movimento, que é parte de uma mobilização nacional.
A principal reivindicação da categoria é o cumprimento de um acordo firmado em 2022, homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que previa a manutenção da meta de produtividade estabelecida na época. No entanto, segundo a Associação Nacional de Médicos Peritos (ANMP), o governo descumpriu o acordo ao aumentar significativamente a carga de trabalho dos servidores, o que levou à deflagração da greve.
Diante do impasse, o Ministério da Previdência Social (MPS) anunciou que todas as perícias agendadas com profissionais em greve serão remanejadas para peritos que seguem atendendo normalmente. Os segurados serão informados sobre a nova data e horário por meio da Central 135 ou pelo aplicativo Meu INSS.
A medida também determina a suspensão integral das agendas dos grevistas e o desconto salarial correspondente aos dias não trabalhados. Por outro lado, a ANMP denuncia que essa decisão do governo representa um "lockout" e viola a legislação brasileira. Segundo a entidade, a paralisação parcial vinha permitindo a realização de parte dos atendimentos, evitando um colapso total no sistema. Com a suspensão das agendas, cerca de 15 mil perícias deixam de ser realizadas diariamente em todo o país.
A ANMP afirma que já solicitou diversas mesas de negociação com o MPS, mas não obteve retorno. Para a entidade, a falta de diálogo prolonga a greve e prejudica tanto os profissionais quanto os segurados.
"Os representantes do Ministério se recusam a estabelecer um canal de negociação, demonstrando total desconsideração com a categoria e com a população que depende dos atendimentos", declarou a associação em nota.
Enquanto o impasse persiste, milhares de segurados seguem sem previsão para a conclusão de suas perícias, o que pode comprometer o acesso a benefícios essenciais, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. A categoria segue mobilizada e aguarda uma resposta do governo para retomar as atividades.