Música

A música brasileira e seu impacto nos sons do presente

Samples de músicas brasileiras das décadas de 60 e 70 estão dominando as paradas e viralizando no mundo inteiro

 

Recentemente tem popularizado utilizar músicas brasileiras das décadas de 60/70 em músicas de hoje em dia. Mas esse movimento não é novo, já ocorre há um tempo. Também conhecidos como samples eles se popularizaram no começo dos anos 2000 e ultimamente tem voltado a fazer sucesso.

Em 2006, o artista will.i.am. – integrante do Black Eyed Peas – produziu um álbum de Sérgio Mendes. Nesse disco, as músicas seguiam a linha do Samba e Bossa-Nova ao mesmo tempo que mesclava com hip-hop, soul e reggaeton. O single principal é uma releitura de “Mas que Nada” que foi trilha de várias propagandas e jogos relacionadas ao futebol, pela melodia facilmente ser associada ao Brasil – país do futebol.

Os exemplos mais recentes vêm do rapper brasileiro BK, no seu mais novo álbum “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer”, ele utiliza dois samples da cantora Evinha, nas músicas “Só quero ver” e “Cacos de Vidro” ambos do álbum dela de 1971. Não coincidentemente essas duas músicas são as que mais fizeram sucesso. No Spotify possuem a maior quantidade de reproduções, somando juntas mais de 55 milhões de reproduções na plataforma.

Não é só no cenário nacional que esses samples são utilizados, mas também no mercado internacional. No ano de 2024, o rapper americano 21 Savage lançou a música “redrum” como single principal de seu álbum. Nela, ele utilizou a música composta por Vinícius de Moraes “Serenata do Adeus”. Mais uma vez o sample brasileiro obteve a maior quantidade de reproduções, mais de 680 Milhões. Por se tratar de um artista internacional, a música bombou no mundo inteiro, popularizando também graças ao TikTok por meio dos famosos edits – montagens que ajudam as músicas a ficarem ainda mais conhecidas na plataforma.

Uma coisa que se pode perceber é que esses samples são mais utilizados principalmente por rapper. Esse fator pode ser analisado pensando nas influências do rap e da música brasileira já que os dois gêneros possuem fortes influências africanas.

O músico brasileiro Marcelo D2, que também já utilizou samples em suas músicas, defende o uso há tempos. Em uma entrevista para a Folha de São Paulo, em 1998, disse: “O Brasil é o único país que tem seu próprio jazz, a bossa nova. Todo mundo sampleia James Brown. Quem vai samplear Tom Jobim? Tem que ser a gente”. Seu exemplo mais famoso dessa técnica foi na música “Desabafo/Deixa eu dizer” que foi trilha sonora do filme “Velozes e Furiosos 5 (Operação Rio)”.

O uso de samples da música brasileira, especialmente das décadas de 60 e 70, não é exatamente uma novidade — mas continua sendo uma tendência poderosa e com alto potencial de viralização. Isso se deve, em grande parte, ao engajamento do público brasileiro, conhecido por sua paixão e presença nas redes sociais, e ao forte apelo sonoro que essas melodias trazem. Além disso, esse movimento representa um rico intercâmbio cultural, que valoriza e resgata a música brasileira ao mesmo tempo em que a conecta com novas linguagens e gêneros musicais ao redor do mundo.

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