O comentário veio à tona no Festival de Cannes, onde a atriz e produtora Dakota Johnson apresenta a comédia dramática Splitsville. Durante uma conversa a atriz criticou a falta de ousadia dos estúdios de cinema e explanou as suas frustações em relação a forma como as grandes produções cinematográficas são realmente produzidas. O evento foi promovido pela Kering, na mesa “Women in Motion”.
“Muitas vezes quis criar minha própria produtora e fazer meus próprios filmes porque quero mais dessa indústria. Quero mais da minha experiência como artista.
Me senti sedenta por mais conversa, criatividade e colaboração”, disse. “Algumas vezes me vi chegando à estreia de um filme, assistindo pela primeira vez, e pensando: ‘Uau. Isso não foi o que achei que estávamos fazendo.’ Isso é muito estranho.”
Dakota defende um modelo de set mais colaborativo, ao lado da produtora Ro Donnelly, com quem fundou a TeaTime Pictures em 2019, a atriz citou o seu foco em um ambiente saudável e com alinhamentos criativos.
“A forma como construímos nossos sets é baseada em energia. É vibe. Temos uma política clara de ‘sem babacas’. E garantimos que cada pessoa da equipe saiba exatamente o que estamos fazendo, para que todos se sintam parte.
Trabalhar com cinema é exaustivo, não é confortável. Mas quando você sente que está genuinamente envolvido, tudo funciona melhor.”
Em entrevista Dakota também falou sobre a decisão de produzir Splitsville por ser fã do longa The Climb (2019), dos roteiristas Michael Angelo Covino e Kyle Marvin, e expressou surpresa pelo filme não ter ganhado o destaque merecido. Nas produções do novo projeto da dupla, ela queria garantir que o filme fosse protegido e permanecesse fiel à visão original.
Ro Donnelly, sua sócia, reforçou a missão da produtora: “Ideias originais de novos cineastas são nossa maior paixão.”
Cha Cha Real Smooth é também uma criação da TeaTime Pictures, filme que foi exibido em Sundance, onde Dakota conheceu Vanessa Burghardt, atriz autista responsável por interpretar sua filha. Dakota está trabalhando com Burghardt em seu primeiro projeto como diretora, baseado em um roteiro escrito pela própria atriz.
“Ela é uma atriz e musicista autista. Estamos desenvolvendo roteiros com ela. Ela escreveu um, e é realmente especial. Fala sobre uma jovem com autismo, e eu me sinto muito protetora com ela, sua história e sua mente. Ela é uma mulher incrível. Acho que não conseguiria deixar ninguém mais dirigir esse projeto. Então, vamos ver.”
Dakota entrou na brincadeira quando contou sobre a ideia de finalmente estrear como diretora: “Quero dirigir e preciso criar coragem para isso...na verdade, não, não preciso criar ‘bolas’ e ninguém pode me obrigar.”
Mesmo com todo o sucesso da produtora, a atriz reconhece que a sua jornada tem sido complicada: “Foi muito desafiador fazer com que as pessoas nos levassem a sério. Isso foi triste e ridículo. Eu sempre glamurizei essa indústria, achando que era maia pura. Ver os bastidores dessa forma foi simplesmente uma merda. Foi duro.”
“Alguns executivos de estúdio não têm interesse em fazer coisas diferentes, arriscadas, assustadoras, reais, humanas, cruas, confusas. E isso é difícil. Como atriz, é isso que eu quero. Como espectadora, é isso que eu quero. É uma luta constante. Mas somos lutadoras. Trabalhamos duro para contar as histórias que amamos.”
Splitsville tem distribuição da Neon e deve estrear nos cinemas ainda em 2025.