Depois de 16 anos afastado do Oasis, Noel Gallagher falou pela primeira vez sobre o retorno em entrevista à rádio TalkSport. O guitarrista, que sempre manteve uma postura mais contida em relação à carreira, admitiu que ainda tem dificuldade para descrever o impacto da volta aos palcos.

“É difícil colocar em palavras, na verdade. Toda noite é a primeira noite para o público, sabe o que quero dizer? Então, cada show tem esse tipo de energia. Mas tem sido realmente incrível. Eu normalmente não fico sem palavras, mas, honestamente, não consigo articular muito bem neste momento”, disse.

A reunião dos irmãos Gallagher já entrou para a história antes mesmo de seu encerramento. O show de estreia da turnê, em Cardiff, no País de Gales, ficou marcado por uma cena simbólica: Noel e Liam, que colecionam brigas públicas e desentendimentos de décadas, apareceram de mãos dadas no palco.

Questionado se aquele gesto representava um momento emocional, Noel desconversou:

“Não somos esse tipo de caras.”

Apesar da resposta descontraída, o guitarrista admitiu que a experiência tem sido especial:

“Acho que, quando tudo isso acabar, vamos sentar e refletir sobre o que aconteceu, mas é ótimo estar de volta em uma banda com o Liam. Eu tinha esquecido o quanto ele é divertido.”

Noel também comentou sobre a magnitude da turnê, revelando que subestimou a experiência de se apresentar em estádios novamente:

“Já fiz shows em estádios antes e tudo mais, mas não me importo em dizer que minhas pernas viraram gelatina por volta da metade da segunda música. Mas tem sido algo incrível.”

E, em um raro momento de elogio público ao irmão, o guitarrista reconheceu o desempenho de Liam:

“Está arrasando, e estou orgulhoso dele.”

A turnê Live ’25 começou em Cardiff e prevê 19 datas no Reino Unido e na Irlanda antes de seguir por América do Norte, América do Sul, Ásia e Austrália. O encerramento será no Brasil, em 23 de novembro, no Estádio do Morumbi, em São Paulo. A reunião tem sido descrita como um dos maiores eventos do ano na música. O jornalista Mark Sutherland disse à agência Reuters que o Oasis reúne duas condições raras para justificar um retorno:

“Tem que ser algo que as pessoas realmente queiram e que pensaram que nunca veriam. O Oasis preenche esses dois requisitos.” Para fãs, a volta é ainda mais significativa. “Eles são mais do que uma banda, é quase como um movimento. É como um pedaço da identidade britânica”, afirmou Matt Hobman, de 48 anos.

Além de Noel e Liam, o grupo voltou aos palcos com o guitarrista Paul “Bonehead” Arthurs, integrante original da formação, além de Gem Archer (guitarra), Andy Bell (baixo) e Joey Waronker (bateria). Juntos, resgatam a sonoridade que consagrou o Oasis desde sua fundação, em 1991, nas ruas operárias de Manchester. O grupo se tornou um dos pilares do britpop e lançou oito álbuns que chegaram ao topo das paradas britânicas, com sucessos como Wonderwall, Supersonic e Don’t Look Back in Anger. A carreira, no entanto, sempre foi marcada por turbulências, especialmente nas constantes discussões entre os irmãos Gallagher, que culminaram no fim da banda em 2009 após uma briga nos bastidores de um show na França. Por anos, mesmo com ofertas milionárias, Noel e Liam recusaram-se a reatar. Agora, diante de estádios lotados, ingressos esgotados em minutos e a expectativa de milhões de fãs, o Oasis prova que continua sendo não apenas uma das bandas mais influentes de sua geração, mas também um fenômeno cultural capaz de atravessar décadas e renascer com força total.