GRAVE

Polêmica de blackface de Fernanda Torres volta à tona com indicação ao Oscar; entenda o caso

Cena de quase 20 anos, exibida no Fantástico, reacende discussões sobre o uso de blackface na televisão brasileira e gera comparações com o caso de Zoë Saldaña no filme Nina

 

A recente indicação de Fernanda Torres ao Oscar, por seu papel no filme Ainda Estou Aqui, trouxe à tona uma cena polêmica exibida há quase duas décadas no programa Fantástico, em que a atriz utilizou blackface para interpretar uma empregada doméstica. A prática, que consiste em atores brancos se caracterizarem como pessoas negras com o uso de maquiagem e próteses, é amplamente considerada racista. A repercussão do caso reacendeu o debate sobre o uso de blackface na mídia e gerou uma onda de comparações com outro episódio envolvendo a atriz Zoë Saldaña, que também foi criticada por interpretar a cantora Nina Simone em 2016 com maquiagem escurecendo sua pele.

O termo blackface remonta ao século XIX, quando atores brancos se pintavam de negro para representações teatrais, muitas vezes com o intuito de ridicularizar os negros. A prática se espalhou, especialmente nos Estados Unidos, e, ao longo do tempo, passou a ser vista como uma forma de racismo explícito. No Brasil, embora a consciência sobre os danos do blackface tenha aumentado nas últimas décadas, o debate só ganhou força nos últimos anos, após denúncias envolvendo comediantes como Paulo Gustavo e Rodrigo Sant'Anna.

Em entrevista ao site Deadline, Fernanda Torres se desculpou publicamente pela cena, reconhecendo o erro e destacando a falta de compreensão sobre o impacto do blackface na época.

Sinto muito por isso. Estou fazendo esta declaração porque é importante abordar isso rapidamente para evitar mais dor e confusão.”, afirmou.

A atriz ainda reforçou seu compromisso com a luta contra o racismo, destacando a importância de continuar o debate sobre o tema para evitar a normalização de práticas discriminatórias.

A cena de Torres, que viralizou nas redes sociais após sua indicação ao Oscar, gerou uma onda de críticas, mas também provocou uma reação curiosa: muitos brasileiros, ao relembrar o caso, apontaram o erro cometido por Zoë Saldaña em 2016, quando interpretou Nina Simone em um filme biográfico, também utilizando blackface. A comparação entre os dois casos gerou discussões acaloradas nas redes sociais, com internautas divididos sobre a forma como cada atriz lidou com as consequências de seus papéis.

Após as críticas, Zoë Saldaña se desculpou publicamente em 2020, em uma entrevista ao produtor Steven Canals.

No Brasil, a conscientização sobre os impactos do blackface começou a ganhar força nos últimos anos, com o aumento das discussões sobre representatividade e racismo. Casos como o de Paulo Gustavo e Rodrigo Sant'Anna ajudaram a expandir o entendimento de que o blackface é uma prática racista, mesmo que tenha sido comum em comédias e esquetes de humor no passado.

A polêmica envolvendo Fernanda Torres e o uso de blackface em sua interpretação no Fantástico levanta questões sobre o racismo estrutural na mídia e a evolução da consciência pública sobre práticas discriminatórias. Embora o incidente tenha ocorrido há quase duas décadas, ele continua a gerar discussões sobre os limites do humor e as responsabilidades dos artistas na construção de uma sociedade mais inclusiva e livre de preconceitos.

Compartilhar

Tags