A investigação da Polícia Federal sobre manipulação de resultados na Série D do Campeonato Brasileiro trouxe à tona um esquema envolvendo a Patrocinense-MG, clube que teria sido usado para beneficiar apostadores. O esquema foi liderado por Anderson Ibrahim Rocha, gestor do clube, em parceria com outros envolvidos, incluindo o técnico Estevam Soares e atletas. A operação, que interceptou mensagens de texto e realizou buscas e apreensões, revelou que cerca de R$ 250 mil foram investidos para aliciar jogadores e manipular resultados, mas o plano falhou, gerando prejuízo e suspeitas de traição entre os envolvidos.
A Patrocinense enfrentava dificuldades financeiras e, após desistir do Campeonato Mineiro, aceitou uma parceria com a AIR Golden, empresa de Anderson Rocha. Prometendo um investimento de R$ 600 mil, Rocha assumiu o controle do clube, mas a intenção real era manipular jogos para atender interesses de apostadores. A investigação aponta que o gestor contratou jogadores e comissão técnica com o objetivo de garantir o controle total das partidas.
Um dos jogos investigados foi contra a Inter de Limeira, onde apostadores esperavam que a Patrocinense perdesse o primeiro tempo por pelo menos dois gols. A partida terminou 3 a 0 para a equipe paulista, com todos os gols no primeiro tempo, incluindo um gol contra. Mensagens trocadas entre os envolvidos mostram que os resultados não atenderam às expectativas, gerando prejuízo e desconfiança.
As mensagens revelam tensões entre os manipuladores. Rocha reclamou que não recebeu sua parte do dinheiro e que jogadores aliciados podem ter sabotado o esquema. O técnico Estevam Soares demonstrou preocupação com os rumores de manipulação e foi aconselhado a deixar o clube por ex-atletas, que apontaram irregularidades evidentes, como a escalação de jogadores supostamente envolvidos.
Seis pessoas foram indiciadas, incluindo Rocha, Estevam Soares, membros da comissão técnica e jogadores. O caso expôs um esquema estruturado que, apesar de mal-sucedido, evidenciou a fragilidade do futebol em divisões inferiores, onde clubes vulneráveis se tornam alvo fácil de manipulação. A investigação segue, e com desdobramentos que podem impactar a credibilidade do esporte e do sistema de apostas no Brasil.