Sorocaba enfrenta polêmicas

De influencer a investigado: os bastidores da gestão Rodrigo Manga

Prefeito de Sorocaba acumula escândalos e críticas

 

Rodrigo Manga, prefeito de Sorocaba–SP, reeleito em 2024 com expressivos 73,75% dos votos válidos, enfrenta uma série de polêmicas que colocam sua administração sob constante escrutínio. Conhecido por seu estilo midiático e presença intensa nas redes sociais, onde se apresenta como o “prefeito TikTok”, o que fez com que a cidade viralizasse nas redes sociais, Manga acumula denúncias, investigações, críticas por desinformação e promessas de campanha que seguem sem cumprimento total.

Na mais recente denúncia, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) acionou a Justiça em 9 de maio de 2025 por suspeita de superfaturamento de R$ 11 milhões na compra de lousas digitais pela Prefeitura de Sorocaba. A aquisição, realizada em 2021, no primeiro ano de mandato de Manga, totalizou R$ 46 milhões — dos quais R$ 44 milhões já foram pagos à empresa Educateca. Segundo análise do TCE-SP, a cada R$ 4 gastos, R$ 1 teria sido superfaturado.

O MP também solicitou o bloqueio de bens de Manga, do ex-secretário de Educação Márcio Carrara e da empresa fornecedora. Para Carrara, há ainda o pedido de afastamento de seu cargo atual na Secretaria de Relações Institucionais e Metropolitanas do Estado.

Ainda em 2025, Sorocaba inaugurou uma praia artificial, promovida como um espaço de lazer para a população. Durante a inauguração, o prefeito Rodrigo Manga prometeu que o local contaria com salva-vidas para garantir a segurança dos frequentadores. No entanto, em maio, um menino de 13 anos faleceu afogado no local, e foi constatado que não havia salva-vidas presentes no momento do incidente. A ausência de profissionais de salvamento no local gerou críticas à gestão municipal, especialmente por não cumprir a promessa feita anteriormente. O caso levantou debates sobre a responsabilidade da prefeitura na manutenção da segurança em espaços públicos e a necessidade de fiscalização mais rigorosa.

Em 10 de abril de 2025, a Polícia Federal deflagrou a Operação “Copia e Cola”, que investiga desvios de recursos públicos na área da saúde de Sorocaba. A investigação, iniciada em 2022, apura fraudes na contratação de uma Organização Social para gerenciar unidades de saúde. Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, inclusive na casa de Manga, na prefeitura e na sede dos Republicanos, seu partido. A Justiça também determinou o bloqueio de bens no valor de até R$ 20 milhões.

Em 22 de maio de 2023, o Tribunal de Justiça de São Paulo bloqueou os bens de Manga por suspeita de superfaturamento na compra de 30 mil kits de robótica para escolas municipais em 2021. O valor total da compra foi de R$ 26,2 milhões, com cada kit custando R$ 740 — bem acima do valor de mercado, que variava entre R$ 14 e R$ 29. O então secretário de Educação, Márcio Carrara, foi afastado, mas teve o processo arquivado posteriormente.

Em fevereiro de 2024, familiares de uma idosa de 78 anos com Alzheimer pediram à Justiça a prisão de Rodrigo Manga por descumprir uma decisão que determinava a oferta de tratamento domiciliar (home care) à paciente. A prefeitura alegou que cumpria a decisão, mas aguardava a formalização contratual com a empresa prestadora.

Manga já foi flagrado diversas vezes propagando desinformações. No começo do ano de 2024, afirmou que o governo federal cortaria R$ 33 milhões da educação de Sorocaba, o que foi desmentido por veículos de checagem. Em outro episódio, em agosto de 2023, publicou um vídeo manipulado da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), insinuando que ela defendia a descriminalização da pedofilia — o conteúdo foi considerado falso.

Ainda em fevereiro de 2023, o prefeito sancionou a Lei Municipal 12.719, que proíbe eventos que façam “apologia às drogas”, como a Marcha da Maconha. Em junho de 2024, reafirmou publicamente que não permitiria o evento na cidade, gerando críticas de movimentos sociais e defensores da liberdade de expressão.

Durante a campanha de reeleição em 2024, Manga prometeu a entrega de moradias populares em até 18 meses. Em agosto do mesmo ano, vereadores denunciaram que os terrenos onde as obras ocorreriam estavam vazios e sem qualquer sinal de construção. O prefeito alegou entraves burocráticos.

Entre as promessas de seu primeiro mandato, Rodrigo Manga garantiu que zeraria as filas de consultas, exames e cirurgias. Porém, dados mostram o oposto: a fila, que era de 87 mil pessoas em 2020, saltou para mais de 160 mil em 2023 — um aumento de 83%.

Apesar disso, sua gestão realizou a revitalização de 25 das 33 UBSs e inaugurou cinco novos PAs 24h. Também lançou o programa “Médico da Criança” e iniciou a construção de um Complexo Hospitalar.

Ainda no seu primeiro mandato, Manga prometeu construir 20 novas creches e zerar a fila por vagas. No entanto, até janeiro de 2024, nenhuma creche havia sido entregue e mais de 2 mil crianças aguardavam matrícula. Ainda assim, sua gestão iniciou a construção simultânea de 17 unidades escolares e reformou 158 instituições por meio do programa “Escola Linda de Verdade”, com investimento superior a R$ 70 milhões.

Rodrigo Manga segue sendo uma figura controversa: carismático para seus apoiadores, midiático e eficiente na comunicação digital, mas criticado por escândalos, promessas não cumpridas e práticas que beiram o populismo. Entre avanços estruturais e investigações em curso, sua gestão é marcada por uma intensa disputa de narrativas — entre o que se mostra nas redes e o que se constata nos relatórios públicos e investigações oficiais.

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