A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) está na iminência de perder seu mandato parlamentar, em meio a duas frentes decisivas: a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal (STF). A situação da deputada, que sempre foi figura de destaque no bolsonarismo, tornou-se insustentável após uma série de condenações que abalaram sua permanência na Câmara dos Deputados.
Em janeiro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) decidiu cassar o mandato de Zambelli por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022. A decisão foi tomada por 5 votos a 2 e também tornou a deputada inelegível por oito anos. A ação foi movida pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), com base na disseminação de desinformação sobre o processo eleitoral, algo que os juízes do TRE-SP consideraram grave o suficiente para justificar a cassação. Apesar disso, Zambelli recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que, por ora, mantém seu mandato ativo.
Paralelamente, Zambelli foi condenada pelo STF a uma pena de 10 anos de prisão por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, em um caso relacionado ao acesso irregular ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A condenação incluiu, expressamente, a perda do mandato e o enquadramento da parlamentar na Lei da Ficha Limpa, o que pode deixá-la inelegível por até 18 anos.
Não bastasse isso, a Corte também formou maioria para condená-la a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Esse processo é consequência do episódio ocorrido em outubro de 2022, quando Zambelli sacou uma arma e perseguiu um homem pelas ruas do bairro Jardins, em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais.
Apesar das condenações, a perda efetiva do mandato depende de votação na Câmara dos Deputados. Se a decisão do STF transitar em julgado e envolver pena de prisão, como já indicado, caberá ao plenário da Câmara confirmar ou rejeitar a cassação. Para que o mandato seja cassado, é necessário o apoio de pelo menos 257 deputados, o que pode acionar novos debates sobre corporativismo parlamentar e a independência entre os poderes.
O caso de Zambelli reacende a tensão entre o Legislativo e o Judiciário e coloca a Câmara diante de um dilema: seguir a decisão do Supremo ou proteger uma aliada de peso do ex-presidente Jair Bolsonaro. Parlamentares da oposição e de partidos de centro têm cobrado coerência da Casa e defendem que decisões judiciais com trânsito em julgado sejam respeitadas, sob risco de desmoralização institucional.
Enquanto os recursos ainda tramitam, a permanência de Zambelli na Câmara dos Deputados se sustenta por um fio — e seu futuro político parece cada vez mais comprometido.