Cada vez mais médicos

Dados apontam novos padrões em características de médicos brasileiros, veja

Mulheres viram maioria nos médicos brasileiros pela primeira vez; em 10 anos, devemos ter 1 milhão de médicos em atividade

 

Segundo os dados do relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, “Demografia Médica no Brasil 2025”, lançado em 30 de abril, com maioria feminina pela primeira vez, o Brasil terminará o ano de 2025 com 635.706 médicos em exercício — um número inédito. Em 2010 eram 304 000; em pouco mais de dez anos, o total mais que dobrou. Estima-se 2,98 profissionais para cada mil habitantes — aumento de 100 % em 12 anos.

O estudo foi conduzido pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (FMUSP). É a 15.ª edição do levantamento.

Principais dados do relatório

  • Concentração nas capitais: as capitais brasileiras seguem com alta densidade de médicos. As maiores razões por mil habitantes estão no Sul (10,26), seguidas pelo Sudeste (7,33) e pelo Nordeste (6,95).

  • Desigualdade nos municípios do interior: fora das capitais, ainda há muita disparidade na quantidade de médicos. Enquanto o Sudeste tem 2,64 médicos por mil habitantes nas cidades do interior, o Norte tem apenas 0,75; Roraima, 0,13; e Amazonas, 0,20.

  • Mulheres assumindo: pela primeira vez, as mulheres apresentam superioridade numérica entre os médicos brasileiros, com 50,9 % dos profissionais em atividade. Estima-se que a participação feminina na profissão chegue a quase 56 % em 2035. Além disso, o crescente aumento de mulheres neste mercado de trabalho é um fenômeno mundial.

  • Cotistas em universidades: um em cada dez estudantes de Medicina participa de programas de reserva de vagas e cotas.

  • Projeção para 2035: se o ritmo atual se mantiver, o Brasil terá 1,15 milhão de médicos em atividade em 2035 — o dobro do total registrado em 2023. A razão chegará a 5,2 médicos por mil habitantes.

  • Comparação com outros países: entre 47 nações analisadas, o Brasil ocupa a 33.ª posição em densidade médica, estando acima de países como Estados Unidos e Coreia do Sul. Entretanto, continua abaixo da média de integrantes da OCDE, que foi de 3,70 profissionais por mil habitantes em 2023.

  • Projeção médica supera a demográfica: a taxa de crescimento de médicos iniciou-se em torno de 4 % ao ano e manteve-se relativamente estável até 2010, quando passou a apresentar variações mais intensas, com picos superiores a 5 % em alguns anos. De forma contrária, a taxa de crescimento populacional, que começou acima de 1 % ao ano, exibiu tendência de queda contínua.

Segundo o coordenador do estudo, Mário Scheffer, apesar do número de médicos crescer incessantemente, a distribuição entre os estados poderá se manter bastante desigual. Enquanto unidades federativas como o Distrito Federal (11,83 médicos por mil habitantes) e o Rio de Janeiro (8,11) deverão continuar com índices elevados, outras regiões — especialmente na Amazônia Legal e no Nordeste — tendem a registrar cifras significativamente inferiores.

“Temos uma distribuição desigual de médicos no país. É urgente pensarmos numa carreira de Estado para os médicos”, afirma Heloísa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina da USP.

Todos os estados apresentam razão maior nas capitais do que no interior. Atualmente, observa-se disparidade significativa na distribuição de médicos entre os grandes centros urbanos e as demais regiões, com proporção de profissionais por mil habitantes consideravelmente menor fora das capitais.

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