Fibromialgia: a dor invisível que afeta milhões e impacta até estrelas como Lady Gaga

Condição crônica sem cura atinge cerca de 150 milhões de pessoas no mundo e desafia pacientes com dores persistentes, fadiga e impacto na saúde mental

 

A cantora Lady Gaga, 39, desembarcou na madrugada desta terça-feira (29) no Rio de Janeiro para realizar o maior show de sua carreira no sábado (3), na Praia de Copacabana. A vinda de Gaga ao Brasil acontece cerca de oito anos após ter cancelado sua apresentação no Rock in Rio, em 2017, por motivos de saúde. Na época, a artista usou seu perfil no X para cancelar sua presença no festival, alegando que estava sofrendo com os sintomas de fibromialgia, síndrome clínica caracterizada pela dor em todo o corpo.

A fibromialgia é uma condição crônica que se manifesta principalmente por dores musculoesqueléticas difusas, sensibilidade ao toque, fadiga intensa e distúrbios do sono. Apesar de não apresentar alterações visíveis em exames laboratoriais ou de imagem, a doença é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde desde 1992 e afeta cerca de 2,5% da população mundial, o que equivale a aproximadamente 150 milhões de pessoas.

No Brasil, estima-se que cerca de 4 milhões de pessoas convivam com a fibromialgia, sendo que entre 75% e 90% dos afetados são mulheres, principalmente na faixa etária de 30 a 50 anos. A doença ainda é cercada de estigmas e desinformação, o que dificulta o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos adequados.​

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, baseado na avaliação dos sintomas relatados pelo paciente e na exclusão de outras condições médicas. Não existem exames específicos que confirmem a doença, o que pode levar a um longo percurso até o diagnóstico correto. Os critérios diagnósticos incluem dor generalizada por mais de três meses e a presença de outros sintomas como fadiga, sono não reparador e dificuldades cognitivas. 

O tratamento da fibromialgia é multidisciplinar e visa aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Inclui o uso de medicamentos como analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes, além de terapias não farmacológicas como fisioterapia, exercícios físicos regulares, acupuntura e psicoterapia. Lady Gaga, por exemplo, revelou em entrevista à Oprah Winfrey, em 2020, que, além do uso de medicamentos, é tratada com Terapia Comportamental Dialética (DBT) para manter-se “criativa em meio à dor”.

A fibromialgia também pode impactar significativamente a saúde mental dos pacientes, levando a quadros de depressão e ansiedade. A dor constante e a falta de compreensão por parte da sociedade podem contribuir para o isolamento social e a diminuição da autoestima. Por isso, o suporte psicológico é uma parte essencial do tratamento.​

A presença de figuras públicas como Lady Gaga falando abertamente sobre a fibromialgia tem contribuído para aumentar a conscientização sobre a doença e reduzir o estigma associado a ela. A visibilidade proporcionada por essas personalidades ajuda a trazer à tona a importância do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e do apoio aos pacientes que convivem com essa condição debilitante.

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