A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas recíprocas sobre produtos importados gerou um efeito cascata nos mercados financeiros globais nesta quinta-feira, 3. Enquanto bolsas na América do Norte, Europa e Ásia registraram quedas expressivas, o mercado brasileiro mostrou resiliência e se manteve praticamente estável.
No Brasil, o impacto foi relativamente brando. O dólar operava em baixa de 1,76%, sendo negociado a R$ 5,5985 por volta das 13h30. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, destoava do restante do mundo e registrava leve alta de 0,04%, aos 131.241 pontos.
Especialistas atribuem esse desempenho ao fato de que as tarifas impostas ao Brasil, de 10%, foram menores do que as aplicadas a outros países. Além disso, analistas apontam que a taxação sobre grandes parceiros comerciais dos EUA pode abrir espaço para exportadores brasileiros ganharem mercado internacionalmente.
A decisão de Trump não foi bem recebida pelos mercados internacionais. As tarifas elevadas sobre importações para os EUA devem encarecer matérias-primas, pressionando a inflação e reduzindo o consumo, o que pode desacelerar a maior economia do mundo. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas fortes, registrava uma queda de quase 2%, atingindo seu menor nível desde setembro do ano passado.
Desempenho das bolsas ao redor do mundo
Nos Estados Unidos, os principais índices operavam em forte baixa:
- Dow Jones: -3,73%
- Nasdaq 100: -4,92%
- Nasdaq: -5,60%
- S&P 500: -4,29%
Na Europa, a pressão vendedora também dominou o pregão:
- DAX (Alemanha): -2,94%
- CAC 40 (França): -3,33%
- Itália 40 (Itália): -3,50%
- IBEX 35 (Espanha): -1,06%
- AEX (Holanda): -2,86%
O Reino Unido, que teve seus produtos taxados em 10%, também sofreu perdas. O FTSE 100 caía 1,6% no mesmo horário. Já na Suíça, onde as tarifas impostas chegaram a 31%, o índice SMI registrava queda de 2,12%.
Impacto na Ásia
A Ásia foi uma das regiões mais afetadas, com tarifas elevadas sobre diversos países. As bolsas fecharam em queda generalizada:
- Hang Seng (Hong Kong): -1,52%
- Nikkei 225 (Japão): -2,73%
- Kospi (Coreia do Sul): -0,76%
- SET (Tailândia): -0,93%
- Nifty 50 (Índia): -0,35%
A China, grande alvo da política tarifária de Trump, viu seus produtos serem taxados em 34%. Outros países da região, como Vietnã (46%), Bangladesh (37%) e Tailândia (36%), também sofreram impacto significativo.
O ex-presidente explicou que as tarifas impostas serão equivalentes a pelo menos metade daquelas que os países já aplicam sobre produtos americanos. Segundo Trump, o objetivo é "libertar" a economia dos EUA da dependência de produtos estrangeiros, razão pela qual ele batizou o anúncio como "Dia da Libertação".
As tarifas mais elevadas foram direcionadas para a Ásia e o Oriente Médio, superando 40% em alguns casos. A Europa também foi amplamente atingida, com o republicano classificando os parceiros comerciais do continente como "inflexíveis" nas negociações.
Apesar da instabilidade no curto prazo, economistas avaliam que o Brasil pode ser beneficiado no longo prazo caso consiga ampliar suas exportações para mercados que antes eram dominados por países mais afetados pela política de Trump.