O estado de saúde de Juliana Leite Rangel, 26 anos, que foi atingida na cabeça por um disparo de fuzil por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na noite de terça-feira (24), passou de gravíssimo para grave. A jovem está internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, desde a noite em que foi ferida.
A prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e da direção do hospital, informou que a mudança no quadro se deve a uma melhora clínica nas últimas 24 horas, com a suspensão das drogas vasoativas e manutenção da estabilidade. Segundo o boletim médico divulgado no início da tarde deste domingo (29), Juliana Rangel sofreu lesão por arma de fogo na região craniana.
O hospital também informou que o estado da jovem permite a redução da sedação para avaliação de estímulos neurológicos, mas ainda é considerado delicado. “Ainda não é possível uma avaliação completa do nível de consciência nem avaliar possíveis sequelas. A paciente segue internada na UTI da unidade, em ventilação mecânica (entubada) e está sendo monitorada pelo serviço de neurocirurgia, em conjunto com uma equipe multidisciplinar”, completou o boletim.
A vítima estava indo com a família, composta por cinco pessoas, passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, quando o carro foi atingido por vários disparos feitos por agentes da PRF, na altura de Duque de Caxias, por volta das 21 horas do dia 24, véspera de Natal.
Na quinta-feira (26), o Ministério Público Federal (MPF) anunciou ter instaurado um Procedimento Investigatório Criminal. O procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, solicitou a realização de diligências para a coleta de informações, documentos e outros elementos que possam direcionar e definir a linha de atuação deste órgão ministerial no caso apresentado.
No texto, ele destacou que a jovem de 26 anos não foi a única vítima, já que seu pai Alexandre também foi baleado. Benones ainda requereu à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Rio a identificação dos policiais rodoviários federais envolvidos na ocorrência e dos autores dos disparos, além do afastamento imediato dos agentes que estavam nas viaturas. O procurador determinou também o recolhimento e acautelamento das armas que estavam sob a posse dos policiais envolvidos, “independentemente de terem sido utilizadas ou não”, para realização de perícia.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. Embora não forneça detalhes sobre as investigações, a PF informou que uma equipe esteve no local onde ocorreu o episódio para a perícia do local, coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal.
Em entrevista ao Repórter Brasil, da TV Brasil, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou na última quinta-feira (26) que a corporação investiga todos os casos de excessos durante abordagens policiais feitas por seus agentes.
O incidente ocorreu após o governo federal publicar um decreto para regulamentar o uso da força durante operações policiais, estabelecendo diretrizes para o uso gradual das armas com o objetivo de evitar a violência policial em todo o país. De acordo com o decreto, o uso de arma de fogo deve ser considerado como medida de "último recurso", ou seja, as armas só poderão ser utilizadas quando outros recursos menos intensos não forem suficientes para atingir os objetivos legais pretendidos.
Com informação de Agência Brasil