No relatório intitulado Além da Floresta: crimes socioambientais nas periferias, a Rede Observatórios de Segurança mapeou dados sobre crimes ambientais e contra povos originários e quilombolas em diversas regiões do Brasil. Além de trazer informações sobre quais os tipos de crimes são cometidos. Ao todo, o país registrou 41.203 considerados crimes ambientais, dados contabilizados pela Agência Brasil.
De acordo com os pesquisadores, esses números podem estar incompletos ou não representar a realidade socioambiental, por causa da falta de dados específicos fornecidos por alguns estados. Algo que aconteceu com o Ceará, que não divulgou informações sobre cor/raça das vítimas de violência.
O estudo apontou que o estado da Bahia foi o que mais teve crimes ambientais registrados e tipificados em categorias que pudessem entender melhor o cenário das violações. Os crimes socioambientais se concentraram em seis cidades e registraram mais da metade dos eventos: Porto Seguro, Salvador, Banzaê, Pau Brasil, Ilhéus e Itaju do Colônia representam 52,2% dos casos. Quatro dessas cidades estão localizadas no Sul Baiano e duas delas, Ilhéus e Porto Seguro, conhecidas por sua atividade turística.
Situação do Pará em meio a COP 30:
Em novembro o Brasil sediará a COP 30 em Belém, no Pará, o evento reunirá diversos líderes, cientistas e representantes que lutam pela causa socioambiental. O objetivo é discutir e desenvolver estratégias para combater e diminuir os impactos causados pelas mudanças climáticas.
O estado teve ênfase nas mortes ocorridas e na subtração violenta de terras (esbulhos possessórios). Foram 47 pessoas mortas, dentre elas nove vítimas por ações de agentes do Estado e 25 vítimas que tiveram as suas terras expropriadas violentamente, evidenciando o quadro de violência a que essas populações estão expostas. Destacam-se ainda 23 vítimas de crimes sexuais que tiveram seus corpos e dignidade violados.
Impactos nas populações tradicionais
Ainda sobre o Pará, as informações revelaram que há um aumento progressivo dos crimes contra povos indígenas e quilombolas na região, principalmente por causa do avanço do agronegócio. Outras causas são o aumento do poder econômico e político do crime organizado que chega nas regiões onde essas comunidades vivem.
Além disso, os megaempreendimentos dos setores da logística e energia, como a implantação de portos, ferrovias, hidrelétricas, mineração etc. São arranjos espaciais que impactam negativamente a vida e o cotidiano de indígenas e ribeirinhos. Junto à pressão econômica, também existem os problemas de saúde pública devido ao elevado nível de contaminação das pessoas pelo mercúrio utilizado para separar o ouro dos rejeitos.