A operação policial que impactou a rotina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e gerou indignação da instituição resultou na morte de pelo menos uma pessoa. Uma nota divulgada pela Polícia Civil indica que se trata de um dos líderes do tráfico na favela do Mandela, que faz parte do Complexo de Manguinhos.
Segundo o comunicado, ele teria sido atingido pelos policiais durante uma troca de tiros. O número de mortes pode ser maior. A Polícia Civil afirma que dois criminosos foram feridos e caíram no rio que atravessa a região. Eles estão sendo alvo de buscas com mergulhadores.
Outro ferido durante os confrontos foi socorrido e levado para um hospital, mas não foram fornecidas informações sobre seu estado de saúde. Conduzida pela Polícia Civil, a operação teve início na manhã desta quarta-feira (8) e foi criticada pela Fiocruz, cujo campus fica adjacente ao Complexo de Manguinhos.
A instituição científica, vinculada ao Ministério da Saúde, divulgou uma nota denunciando que os agentes envolvidos adentraram descaracterizados em suas instalações sem aviso prévio e sem solicitar autorização.
Durante a ação, uma bala atingiu o vidro de uma das paredes do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, onde são produzidas as vacinas da Fiocruz e outros medicamentos. Uma funcionária foi ferida por estilhaços e precisou receber atendimento médico.
Além disso, segundo a Fiocruz, um supervisor da empresa responsável pela vigilância no campus, que estava ajudando a desocupar e interditar algumas áreas para garantir a segurança dos funcionários e alunos, foi detido sob a acusação de fornecer cobertura a criminosos em fuga. Na nota, a instituição classificou a ação da Polícia Civil como "arbitrária" e considerou que a vida de trabalhadores, pesquisadores e estudantes foi colocada em risco. "Até o início da tarde, a operação da Polícia Civil continuava dentro da Fiocruz", acrescenta o comunicado.
A movimentação ocorreu no âmbito da Operação Torniquete, que visa combater o roubo e a receptação de cargas, minando assim o financiamento das atividades das facções criminosas. De acordo com a nota da Polícia Civil, foram apreendidas quatro armas de fogo e quantidades variadas de cocaína, crack, maconha, skunk e lança-perfume.
Um criminoso que era alvo de mandado de prisão foi localizado e detido, além disso, dois funcionários terceirizados que prestam serviço à Fiocruz foram presos em flagrante e levados para prestar depoimento.
O comunicado diz que a investigação que se inicia a partir disso vai determinar se houve colaboração espontânea com o tráfico de drogas, uma vez que imagens mostram um veículo a serviço da instituição auxiliando na fuga de criminosos. A nota ainda destaca que traficantes frequentemente buscam abrigo em prédios públicos e menciona um episódio de 2011, quando cinco homens foragidos da Justiça foram capturados dentro da Fiocruz ao tentarem usar o campus como rota de fuga.
A Polícia Civil também argumenta que quem coloca em risco a população são os criminosos e afirma que o tiro que atingiu o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos foi disparado por indivíduos ligados à facção atuante na região.
Indignação
O Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) também manifestou repúdio à movimentação policial. Em nota, a entidade considerou inaceitável que operações sejam realizadas colocando em risco a integridade física e emocional dos presentes na instituição.
"Estiveram sob ameaça centenas de frequentadores do campus, como fornecedores, consultores e pesquisadores externos, além da imensa maioria de pacientes que buscam atendimento, bastante vulneráveis, incluindo idosos e bebês. Como agravante, estavam no campus dezenas de crianças, filhos e filhas de servidores que participam da Colônia de Férias do sindicato", registra o comunicado.
Com informações de Agência Brasil