Depois de agitar países como Colômbia, Peru, Chile e Argentina, o System of a Down escolheu o Brasil para encerrar a turnê Wake Up! South America Stadium Tour com chave de ouro. A banda passou por Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo — com duas apresentações no Allianz Parque — até culminar em uma noite explosiva nesta quarta-feira (14), no Autódromo de Interlagos.
O clima era de celebração e despedida. A expectativa em torno de um possível fim da banda pairava no ar, alimentada por rumores e declarações antigas do vocalista Serj Tankian, que já revelou não gostar de turnês. Mesmo sem confirmação oficial, os fãs sabiam que estavam diante de um momento raro — talvez, único.
Um espetáculo intenso
O show começou com um pequeno atraso, após as performances das bandas AFI e Ego Kill Talent. Mas nada que desanimasse o público estimado em 70 mil pessoas. Logo nos primeiros acordes de “X”, faixa do álbum Toxicity (2001), o público foi ao delírio. A energia era contagiante — e constante. A noite fria, com cerca de 18ºC, passou despercebida diante da vibração do público e do calor dos sinalizadores.
Foram 38 músicas em 2h20 de show — o mais longo da turnê e um dos maiores da história do System of a Down. Para comparação, as apresentações anteriores no Allianz Parque tiveram 32 faixas. A banda estava determinada a fechar com grandeza.
Interações, surpresas e bom humor
Serj Tankian e Daron Malakian comandaram o público com carisma. Além de incentivar aplausos e gritos, protagonizaram momentos inusitados, como quando o baterista John Dolmayan respondeu um gesto de Serj com um divertido “fuck you” durante “Bubbles”.
Em outro momento inesperado, Daron entoou um trecho de “Careless Whisper”, de George Michael, arrancando gargalhadas da plateia antes de emendar “Cigaro”. O guitarrista ainda agradeceu à equipe da turnê e mandou um recado sobre a segurança do evento: “Nós não gostamos de violência, retirem as pessoas com carinho”.
Sinalizadores e mosh pits: o show à parte
Apesar da proibição, os sinalizadores apareceram — e criaram imagens inesquecíveis, principalmente em “Toxicity”. Daron chegou a brincar: “A gente não usa pirotecnia, mas nossos fãs trazem o fogo!”. Foi o sinal para que os mosh pits começassem a tomar conta do Autódromo de Interlagos, enquanto um drone da própria banda capturava o momento, depois compartilhado nas redes sociais.
A despedida (ou não)
A última música da noite foi “Sugar”, encerrando a apresentação sob uma cortina de fumaça e uma queima de fogos que iluminou o céu de São Paulo. Foi o desfecho de uma noite memorável e, quem sabe, o último ato da banda no Brasil.
Se esse foi mesmo o adeus do System of a Down, eles saíram em alta: com a mesma intensidade de duas décadas atrás, ovacionados por um público fiel e vibrante. Para os que estiveram lá, fica a lembrança de um dos maiores shows de suas vidas. E para os que não foram... a esperança de que esse final ainda possa ser reescrito.