Xenofobia no Futebol

Damián Bobadilla, do São Paulo, se desculpa após acusação de xenofobia

Jogador paraguaio admitiu "reação errada" após ser acusado de chamar rival venezuelano de "morto de fome"; Navarro registrou BO e Conmebol pode punir atleta

 

O meio-campista Bobadilla, do São Paulo, se tornou o centro de uma polêmica internacional após ser acusado de proferir ofensas xenofóbicas contra o venezuelano Navarro, do Talleres-ARG, durante o jogo da Libertadores na terça-feira (27/05). Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira (28/05), o paraguaio pediu desculpas públicas, mas o caso já virou questão judicial. Navarro registrou boletim de ocorrência no estádio, e a polícia colhe depoimentos para investigar o incidente.  

O que aconteceu?

A confusão ocorreu nos minutos finais da partida (vitória do São Paulo por 2x0), quando Bobadilla e Navarro travaram uma discussão acalorada. Segundo o venezuelano, o paraguaio o chamou de "venezuelano morto de fome" — expressão que alude à crise econômica da Venezuela, país com 50% da população em situação de pobreza, segundo a ONU.  

Em resposta, Navarro publicou um desabafo nas redes:  

"Gostaria de poder resolver a fome no meu país. Contra a pobreza mental, não há solução".  

O jogador do São Paulo não negou o teor da discussão, mas alegou que foi provocado primeiro:  

"Fui ofendido inicialmente, me exaltei e reagi mal. Nunca tive intenção de discriminar", disse no vídeo, sem citar Navarro nominalmente. Ele prometeu pedir desculpas pessoalmente ao rival.  

A Polícia Civil já deu início ao inquérito:  

  • Testemunhas ouvidas: Dois colegas de Navarro e o árbitro da partida confirmaram a briga, mas não detalharam as falas.  
  • Próximos passos: Bobadilla deve ser ouvido ainda nesta quarta, possivelmente no CT do São Paulo. A polícia requisitará imagens das câmeras do estádio.  

Repercussão e possíveis punições 

O caso pode ter desdobramentos esportivos e jurídicos:  

  • Na Conmebol: O regulamento da Libertadores prevê suspensão por atos de discriminação (Art. 17). Em 2023, o argentino Pity Martínez foi banido por 5 jogos por xenofobia.  
  • Na Justiça comum: Xenofobia é crime inafiançável no Brasil (Lei nº 9.459/97), com pena de 1 a 3 anos de prisão.  

Posicionamento dos clubes

Ambos os times já se pronunciaram sobre o ocorrido. São Paulo emitiu nota dizendo que "repudia qualquer forma de discriminação" e que aguarda as investigações. Enquanto o Talleres, cobrou punição exemplar e enviou cópia do BO à Conmebol.  

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