Libertadores 2025

Xenofobia na Libertadores: Conmebol investiga acusação contra jogador do São Paulo

Caso envolve suposta ofensa ao zagueiro venezuelano Miguel Navarro durante o jogo contra o Talleres

 

A Conmebol abriu, nesta quarta-feira (28), uma investigação sobre uma possível ofensa xenofóbica ocorrida na partida entre São Paulo e Talleres, válida pela Copa Libertadores da América. O episódio teria acontecido na noite anterior, quando o zagueiro venezuelano Miguel Navarro acusou o paraguaio Damián Bobadilla, do time paulista, de tê-lo chamado de “venezuelano morto de fome”.

Segundo o regulamento disciplinar da entidade, ofensas com base na origem nacional podem gerar suspensão de até quatro meses, com possibilidade de penas mais severas em caso de reincidência. Apesar da gravidade da denúncia, a abertura de uma investigação não implica, necessariamente, em punição imediata. A decisão final caberá exclusivamente à Conmebol, após a análise completa do caso.

O incidente repercutiu rapidamente. Ainda no Morumbis, palco da partida, Navarro prestou depoimento à polícia e registrou boletim de ocorrência. Bobadilla, por outro lado, deixou o estádio sem prestar esclarecimentos às autoridades, o que levantou suspeitas.

Polícia e Conmebol atuam em paralelo

A Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) também iniciou um inquérito. De acordo com o delegado Rodrigo Correa Baptista, Bobadilla deve comparecer à delegacia até sexta-feira (31) para apresentar sua versão dos fatos. O delegado não descartou a possibilidade de que o jogador tenha deixado o local para evitar uma prisão em flagrante.
Enquanto isso, nas redes sociais, o Talleres prestou apoio público a Navarro, que se manifestou com indignação e emoção. Em uma publicação, o zagueiro escreveu: “Gostaria de poder ter em minhas mãos a solução para a fome que meu país vive (…). Não acredito que se possa fazer muito contra a pobreza mental.”

Bobadilla pede desculpas, mas investigação continua

Após o episódio ganhar repercussão, Bobadilla gravou um vídeo pedindo desculpas. Ele afirmou que foi provocado durante o jogo, que estava tenso, e que reagiu mal no calor do momento. Ainda assim, negou qualquer intenção de discriminar o adversário e disse que pediria desculpas pessoalmente ao venezuelano.

Apesar do pedido de desculpas, tanto a Conmebol quanto a polícia seguem com as investigações. A entidade já puniu casos semelhantes em 2024. Um exemplo é o de Pablo Ceppelini, do Alianza Lima, que foi suspenso por quatro meses após usar termos xenofóbicos contra torcedores do Boca Juniors.
Casos como esse reforçam a importância da luta contra qualquer forma de discriminação no esporte. Embora o futebol seja marcado por rivalidades e emoções intensas, é fundamental que o respeito prevaleça dentro e fora de campo.

A Conmebol deixou claro, em seu código disciplinar, que atos de intolerância não serão ignorados. A decisão sobre Bobadilla poderá estabelecer um novo precedente para como casos semelhantes serão tratados no futuro. Enquanto isso, Navarro recebe o respaldo de sua equipe e de torcedores, enquanto o São Paulo aguarda os desdobramentos para tomar medidas institucionais, se necessário.

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