Em um momento crítico das relações comerciais com os Estados Unidos, o governo da China anunciou nesta quarta-feira (16) a substituição do vice-ministro do Comércio, Wang Shouwen, do cargo de principal negociador comercial do país. A medida ocorre em meio à intensificação da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo.
O novo responsável pelas negociações comerciais é Li Chenggang, de 58 anos, ex-representante da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) e ex-ministro assistente do Comércio durante o primeiro mandato de Donald Trump. A mudança foi confirmada pela agência de notícias Reuters.
A substituição acontece dias após o aumento recíproco de tarifas entre os dois países. No início do mês, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas sobre produtos de mais de 180 países, com alíquotas variando entre 10% e 50%. A China foi um dos alvos principais, sofrendo um acréscimo de 34% nas tarifas — que se somaram aos 20% já aplicados anteriormente.
Tarifas
Como retaliação, Pequim impôs tarifas extras de 34% sobre produtos americanos. A resposta chinesa provocou um novo aumento por parte dos EUA, com a Casa Branca elevando as tarifas em mais 50 pontos percentuais. Trump deu prazo até o dia 8 para que a China recuasse, sob ameaça de novas sanções. A China manteve sua posição e, em resposta, subiu suas tarifas de 34% para 84%.
Trump anunciou então um novo aumento para 125% sobre os produtos chineses, que, somados aos 20% anteriores, resultaram em uma tarifa total de 145%. Na sexta-feira (11), Pequim respondeu à altura, também elevando suas tarifas sobre produtos dos EUA para 125%. Enquanto Trump promoveu uma “pausa” de 90 dias nas tarifas gerais para mais de 180 países, reduzindo-as para 10%, a China ficou de fora da trégua. As tarifas impostas especificamente aos chineses continuam vigorando em sua totalidade.
A nomeação de Li Chenggang é vista como uma tentativa de reposicionar a diplomacia comercial chinesa diante de uma crise que pode ter impactos profundos na economia global. Li é conhecido por sua experiência em negociações multilaterais e por sua atuação nos bastidores da OMC, o que pode indicar uma postura mais firme e técnica por parte da China nas futuras conversas com Washington.
O cenário, no entanto, permanece incerto. Trump afirmou acreditar que um acordo será possível, mas ressaltou que a China “precisa mais do que os EUA” dessa resolução. Do lado chinês, a retórica é de resistência: “Estamos preparados para revidar até o fim”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio.