Após um esforço contínuo para controlar o sarampo, o Brasil recebeu nesta terça-feira, 12, o certificado de país livre do sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC). A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) oficializou a recertificação em uma cerimônia com o Ministério da Saúde, coroando um trabalho que incluiu a ampliação da vacinação e o monitoramento rigoroso dos casos.

Em um marco para a saúde pública brasileira, o país voltou a ser reconhecido como território livre do sarampo, rubéola e SRC, após ter perdido o certificado em 2019 devido a um ressurgimento expressivo da doença. Entre 2018 e 2019, o Brasil enfrentou mais de 10 mil casos de sarampo, com picos de até 3.950 ocorrências em um único mês. Esse cenário mudou com as estratégias de imunização e reforço na vigilância adotadas ao longo dos últimos dois anos, período em que o Brasil não registrou casos de sarampo com transmissão interna.

Caminho para a recertificação

O processo de recertificação exigiu que o país demonstrasse a interrupção da transmissão comunitária do sarampo por pelo menos um ano e comprovasse uma sólida estratégia de vacinação. Em junho de 2022, o Brasil alcançou dois anos sem casos naturais da doença, e desde então, manteve um rigoroso controle para evitar novos surtos.

O infectologista Renato Kfouri, presidente da Câmara Técnica de Verificação da Eliminação do Sarampo, destacou que o país avançou em todas as metas estabelecidas, com ênfase no aumento das coberturas vacinais e na intensificação da vigilância epidemiológica.

“Esse resultado é fruto de um trabalho contínuo e da cooperação entre diferentes órgãos de saúde para manter a população protegida”, afirmou Kfouri.

Doença grave e altamente contagiosa

O sarampo é conhecido por sua alta taxa de contágio, podendo ser transmitido de forma rápida entre pessoas próximas. Uma única pessoa infectada é capaz de contaminar até 18 outras, principalmente em ambientes sem ventilação adequada. A transmissão ocorre pelo contato com secreções respiratórias expelidas ao tossir, falar ou respirar. Entre os sintomas principais estão as manchas vermelhas na pele, febre alta, tosse, conjuntivite e mal-estar geral. Em casos graves, a doença pode evoluir para complicações como pneumonia, infecções no ouvido e, em alguns casos, pode ser fatal.

Importância da vacinação contínua

A OPAS e o Ministério da Saúde alertam que, embora o país tenha sido declarado livre do sarampo, o risco de novos surtos permanece devido à circulação do vírus em outros países. A prevenção depende da manutenção de altas taxas de vacinação, com a tríplice viral, que protege também contra rubéola e caxumba, sendo ofertada na rede pública de saúde para pessoas entre 12 meses e 59 anos.

Desafios e metas de imunização

Nos últimos anos, a cobertura vacinal da primeira dose da tríplice viral sofreu uma queda significativa, atingindo apenas 74% em 2021, bem abaixo da meta recomendada de 95%. Em 2024, no entanto, os índices voltaram a subir: a primeira dose alcançou 91% da população elegível e a segunda dose superou a marca dos 80%. Esses números são encorajadores, mas especialistas ressaltam que é necessário seguir vacinando para garantir a proteção da população contra possíveis surtos.

Reflexo na saúde pública

O reconhecimento da OPAS devolve ao Brasil uma posição de destaque no combate ao sarampo, resultado de um trabalho que envolveu profissionais de saúde em todo o país. Manter o sarampo fora do território nacional exigirá, no entanto, esforços contínuos. Segundo Kfouri, "a vacinação é a principal ferramenta para preservar essa conquista".

A expectativa é de que, com a manutenção das políticas de imunização e monitoramento, o Brasil continue a avançar na proteção de sua população contra doenças que já podem ser evitadas, consolidando a saúde pública e garantindo uma qualidade de vida melhor para todos.

Com informações Agência Brasil