O dólar ultrapassou a marca histórica de R$ 6 nesta quinta-feira, 28, refletindo a apreensão do mercado financeiro em relação ao recém-anunciado pacote fiscal do governo. A medida, que prevê cortes de R$ 70 bilhões e isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, provocou reações mistas entre investidores, intensificando a desvalorização do real e a queda do principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa.
O anúncio foi detalhado em uma coletiva de imprensa pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil). Enquanto o governo tenta equilibrar o cumprimento do arcabouço fiscal e as promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialistas apontam desafios para garantir a sustentabilidade das contas públicas.
Mercado reage com cautela
Às 15h, o dólar registrava alta de 1,18%, cotado a R$ 6,0029 no pico do dia. O Ibovespa recuava 1,34%, para 125.957 pontos, confirmando a tendência negativa da semana. Os investidores interpretaram as medidas anunciadas como uma tentativa de conciliar ajustes fiscais com políticas sociais, mas questionam se as ações são suficientemente robustas para evitar impactos negativos no futuro.
Medidas anunciadas
As principais ações incluem:
- Cortes de gastos: R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026, com restrições no reajuste do salário mínimo e no abono salarial.
- Nova tributação: Alíquota de até 10% para rendas superiores a R$ 600 mil anuais.
- Isenção do IR: Promessa de zerar a cobrança para quem recebe até R$ 5 mil mensais.
O ministro Fernando Haddad enfatizou que o impacto da isenção será compensado por medidas de taxação de grandes fortunas e novos mecanismos de arrecadação. Porém, especialistas destacam que os ajustes podem não ser suficientes para neutralizar os efeitos no déficit fiscal.
Reação internacional e interna
A volatilidade nos mercados foi exacerbada pela percepção de que o pacote fiscal não atende integralmente às expectativas de austeridade defendidas por setores do mercado. Além disso, a medida de isenção do IR, amplamente celebrada por seu potencial de alívio à classe média, levanta dúvidas sobre sua capacidade de estimular o consumo em níveis que sustentem o crescimento econômico.
Enquanto isso, no cenário internacional, a alta do dólar também reflete incertezas externas, como o aumento dos juros nos Estados Unidos, que torna os ativos de mercados emergentes menos atraentes para investidores.
Próximos passos
O governo enfrenta agora o desafio de detalhar as medidas complementares para assegurar o equilíbrio fiscal. A expectativa é de que novos anúncios nos próximos meses possam reforçar a confiança no compromisso do governo com a sustentabilidade das contas públicas.
Com informações do G1.