Crise diplomática

Lula reage a ameaça de tarifa dos EUA e defende soberania nacional

Em rede nacional, presidente classifica medida de Trump como “chantagem inaceitável”, reforça independência do Judiciário e diz que Brasil responderá com diplomacia e multilateralismo

 

Durante um pronunciamento oficial em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania brasileira, reforçou a independência entre os Poderes e criticou as ameaças do governo de Donald Trump sobre a imposição de tarifas a produtos brasileiros.

Sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula afirmou que as instituições brasileiras têm atuado para proteger a sociedade contra discursos de ódio e a desinformação, frequentemente disseminados nas plataformas digitais. “No Brasil, ninguém — ninguém — está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes, racismo, violência contra mulheres e descrédito às vacinas”, destacou.

O presidente também condenou tentativas de interferência internacional nas decisões da Justiça brasileira. “Contamos com um Poder Judiciário independente. Respeitamos o devido processo legal, a presunção de inocência, o contraditório e a ampla defesa. Qualquer tentativa de interferir no Judiciário é um grave atentado à soberania nacional”, afirmou.



"Chantagem inaceitável", diz Lula sobre tarifa dos EUA

Lula classificou como "chantagem inaceitável" as ameaças feitas pelo governo Trump, que anunciou a intenção de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo o presidente, desde maio o Brasil tenta manter o diálogo com os EUA e já realizou mais de 10 reuniões com representantes norte-americanos.

“Encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta formal de negociação. Esperávamos uma resposta diplomática, e o que recebemos foram ameaças baseadas em informações falsas sobre o comércio entre os dois países”, afirmou. Ele garantiu que o governo está articulando uma resposta com o setor produtivo, sindicatos e a sociedade civil para enfrentar a situação de forma unificada.

Lula assegurou que o Brasil recorrerá a meios legais e multilaterais para defender sua economia. Entre as possíveis medidas estão recursos à Organização Mundial do Comércio (OMC) e a aplicação da Lei da Reciprocidade, já aprovada pelo Congresso Nacional.

Brasil aposta no multilateralismo e na diplomacia

Para o presidente, a resposta brasileira virá pela via diplomática. “Estamos juntos na defesa do Brasil. Faremos isso com dignidade, respeitando a boa prática nas relações comerciais e mantendo o diálogo com todos os países, inclusive os Estados Unidos”, afirmou Lula, ressaltando que o país abriu 379 novos mercados para produtos brasileiros nos últimos dois anos e meio.

Ele também fez questão de responder às críticas do governo Trump relacionadas ao desmatamento. “Reduzimos em 50% o desmatamento da Amazônia e temos como meta zerá-lo até 2030. Hoje, o Brasil é referência mundial em proteção ambiental”, declarou.

Lula critica apoio interno ao tarifaço e reforça regulação das big techs

O presidente demonstrou forte indignação com a atuação de grupos políticos nacionais que, segundo ele, estariam apoiando a medida tarifária imposta por Trump. “É inaceitável que políticos brasileiros se alinhem contra os interesses do país. São traidores da pátria. Preferem o caos para tentar ganhar politicamente, mesmo que isso custe caro ao povo”, disparou.

Lula também defendeu o projeto de regulação das plataformas digitais estrangeiras, mencionando que empresas que operam no Brasil devem obedecer às leis locais. “A defesa da nossa soberania inclui exigir que todas as empresas — nacionais ou estrangeiras — cumpram as regras brasileiras”, afirmou.

Defesa do Pix e resposta às críticas comerciais

Dentre os pontos citados por Trump para justificar as tarifas, está o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Lula foi categórico ao defender o Pix como um símbolo de inovação e soberania. “O Pix é do Brasil. É um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas mais avançados do mundo e vamos protegê-lo”, disse.

Ao rebater as acusações de práticas comerciais desleais, o presidente apresentou dados que desmentem a alegação dos Estados Unidos. “As acusações não se sustentam. Os EUA acumulam superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões. Falsas alegações não podem justificar medidas unilaterais”, afirmou.

"O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro"

Encerrando seu discurso, Lula fez um apelo à união nacional diante das ameaças externas. “Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação internacional. Mas que fique claro: o Brasil tem um único dono — o povo brasileiro”, concluiu.

Com informação Agência Brasil 

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