Mudanças climáticas aumentam riscos à saúde de idosos e desafiam sistema público no Brasil

Ondas de calor e frio extremo elevam a mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos; especialistas apontam urgência em políticas públicas para proteção da população vulnerável

 

As mudanças climáticas vêm impactando de forma crescente a saúde da população idosa no Brasil, especialmente em meio a eventos climáticos extremos, como ondas de calor e de frio. A combinação entre o envelhecimento populacional e a intensificação desses fenômenos climáticos representa um desafio urgente para o Sistema Único de Saúde (SUS), segundo pesquisadores e especialistas em saúde pública.

Estudos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP indicam que idosos são mais suscetíveis a doenças cardiovasculares e respiratórias decorrentes das variações abruptas de temperatura. O calor excessivo está relacionado ao aumento de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), enquanto o frio intenso pode agravar quadros cardíacos. Os efeitos são ainda mais severos entre moradores de áreas periféricas, onde o acesso a serviços de saúde e a infraestrutura de moradia é limitado.

Dados do relatório global The Lancet Countdown on Health and Climate Change, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), revelam que as mortes associadas ao calor extremo entre pessoas com mais de 65 anos cresceram 167% entre 1990 e 2023. O documento também ressalta o impacto econômico da exposição prolongada a temperaturas extremas, principalmente em países de baixa e média renda.

No Brasil, esse cenário agrava as dificuldades já enfrentadas pelo SUS, que precisa lidar com uma população cada vez mais idosa e vulnerável. Especialistas alertam que a pressão sobre o sistema pode se intensificar nos próximos anos, caso não sejam adotadas medidas de adaptação climática e fortalecimento da rede pública de saúde.

Entre as soluções apontadas estão a criação de políticas públicas que incluam ações de prevenção, o aprimoramento do atendimento a idosos em situações de emergência climática, além do desenvolvimento de cidades mais resilientes, com infraestrutura adequada para enfrentar eventos extremos.

A necessidade de integrar a pauta ambiental à política de saúde pública é cada vez mais evidente diante de um futuro climático incerto e de uma população que envelhece rapidamente.

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