Fato ou mito?

Vitamina C não previne resfriados, mas pode ajudar a aliviar sintomas, indicam estudos

Suplementação não evita infecções respiratórias, mas pode ajudar a aliviar quadros em pessoas já gripadas e beneficiar quem pratica exercícios intensos

 

Apesar da crença popular de que a vitamina C ajuda a evitar gripes e resfriados, estudos científicos mostram que a substância não tem efeito significativo na prevenção dessas infecções. Uma ampla meta-análise da Cochrane Library, que avaliou 29 estudos com mais de 11 mil pessoas, concluiu que a suplementação diária da vitamina não reduz de forma expressiva a incidência do resfriado comum.

“O uso rotineiro de vitamina C para prevenir resfriados na população em geral não se justifica”, concluem os autores da pesquisa. As doses analisadas variaram de 200 mg a 1 g por dia, sem impacto na proteção contra o vírus.

Apesar disso, especialistas afirmam que a substância pode trazer benefícios em casos específicos. Pessoas expostas a esforço físico intenso, como atletas e militares em treinamento, podem ter redução no risco de resfriados. Isso porque o exercício extremo estimula o estresse oxidativo — condição em que há desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do organismo de combatê-los. Como a vitamina C tem ação antioxidante, pode atenuar esse efeito.

Em pessoas já resfriadas, a suplementação pode contribuir para diminuir o tempo e a intensidade dos sintomas. Segundo o médico imunologista Pietro Henrique Massuda, estudos mostram que a vitamina C reduziu a duração dos resfriados em cerca de 8% em adultos e 14% em crianças. “A gravidade também tende a ser menor com o uso regular da vitamina”, explica. No entanto, nem todos os estudos revisados confirmaram esse efeito.

Mesmo sem prevenir diretamente infecções, a vitamina C é essencial para o funcionamento do organismo. Atua no fortalecimento do sistema imunológico, ajuda na cicatrização, colabora na produção de colágeno e participa da defesa contra patógenos. O corpo humano, porém, não é capaz de sintetizá-la, o que exige sua ingestão por meio da alimentação.

Onde encontrar a vitamina C

Frutas como acerola, laranja, limão, mexerica e maracujá estão entre as principais fontes naturais do nutriente, além de vegetais como couve, espinafre, salsinha e agrião. A vitamina, no entanto, é sensível ao calor e pode se perder durante o cozimento. Por isso, especialistas recomendam consumir alimentos crus sempre que possível e evitar longos períodos de exposição ao calor, à luz e à água.

A quantidade diária recomendada varia conforme idade e sexo. Fumantes, por exemplo, devem consumir 5 mg a mais por dia, já que o tabaco aumenta a produção de radicais livres. A suplementação pode ser indicada em casos de deficiência nutricional ou em pessoas com maior risco de infecções, como idosos ou portadores de comorbidades.

Por outro lado, o consumo excessivo pode causar efeitos adversos. Doses acima de 2.000 mg por dia podem provocar diarreia, desconforto abdominal e, em alguns casos, a formação de cálculos renais.

A orientação médica é essencial antes de iniciar qualquer suplementação. Embora a vitamina C não seja um escudo contra vírus, seu papel no equilíbrio do sistema imunológico a torna uma aliada importante da saúde — desde que consumida com moderação e em contextos apropriados.

Com informações de Cochrane Library – organização internacional sem fins lucrativos dedicada à promoção de decisões em saúde baseadas em evidências e site Drauzio Varella. 

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