Depois de meses de disputa nos bastidores, a direção nacional do PSB oficializou, na tarde da segunda-feira, 7, a nova composição da Comissão Executiva Estadual do partido no Pará. A presidência da sigla passa agora às mãos do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, o Dr. Daniel, encerrando um ciclo histórico da família Andrade no comando do partido no estado.
A decisão foi formalizada com o envio da nova ata de composição ao Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA), após uma reunião em Brasília entre o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o vice-prefeito de Belém, Cássio Andrade, e o deputado estadual Fábio Figueiras. Apesar do tom diplomático, o encontro selou a falta de consenso sobre a nova direção.
Carlos Siqueira chegou a propor que Cássio ocupasse a vice-presidência da nova executiva, enquanto o vice-prefeito de Belém sugeriu o oposto, que Dr. Daniel fosse o vice. Com o impasse mantido, Siqueira reafirmou que a escolha era uma decisão política, ainda que destacasse o respeito à trajetória da família Andrade, especialmente do ex-senador Ademir Andrade e de seu filho, Cássio, que comandaram o partido por décadas.
Sem acordo, a nova executiva foi homologada com Dr. Daniel na presidência; o vice-prefeito de Ananindeua, Hugo Athayde, como vice; o ex-deputado federal João Salame como secretário-geral; e o vereador de Ananindeua, Alexandre Gomes, como tesoureiro. A transição de documentos e responsabilidades será feita nos próximos dias, com indicações de confiança de ambos os grupos.
A mudança não é apenas simbólica, ela impacta diretamente o xadrez político estadual. Fora da base de apoio ao governador Helder Barbalho, o PSB se reposiciona entre as forças progressistas em busca de autonomia e protagonismo nas eleições de 2026. O partido, que nas últimas eleições municipais cresceu mais que o próprio PT em número de prefeituras, conta com bom tempo de TV e fundo partidário robusto, e agora adota uma linha mais independente em relação ao Palácio dos Despachos.
Nas eleições de 2022, o PSB paraense não conseguiu eleger nenhum deputado federal. O domínio do MDB no estado sugou lideranças importantes da legenda e de outras siglas como PP, PSDB, PDT e Republicanos. O resultado foi um Congresso sem representação do PSB paraense, o que gerou insatisfação na direção nacional e acelerou o desejo de reestruturação local.
Agora, sob nova liderança, a missão da executiva estadual é dupla: organizar o partido para o Congresso Nacional da legenda, previsto para junho, e preparar o PSB para voltar competitivo às eleições gerais de 2026. O comando de Dr. Daniel, prefeito de uma das maiores cidades do estado, indica que o partido quer aproveitar a força da base municipalista e apresentar um novo projeto político para o Pará.
