Na sua primeira audiência de quarta-feira,21, exatamente um mês após a morte do Papa Francisco , que tantas vezes trouxe à tona a crise vivida pelas crianças palestinas, o Papa Leão 14 fez um forte apelo para que Israel autorize a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A pressão contra o governo de Israel tem aumentado para que eles liberem os estoques de ajuda emergencial e alimentos para Gaza que, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), está à beira de uma fome que pode causar casos graves de desnutrição aguda em mais de 14 mil crianças ao longo do próximo ano. A região está em situação de quase inanição.
‘’A situação na Faixa de Gaza é cada vez mais dolorosa e preocupante. Renovo meu fervoroso apelo para que se permita a entrada de justa ajuda humanitária e que se ponha fim às hostilidades, cujo preço devastador é pago pelas crianças, idosos e enfermos’’, disse Leão, acrescentando que as condições de Gaza estão ‘’cada vez mais preocupantes e dolorosas”.
A declaração do novo Pontífice acontece enquanto outros líderes mundiais também pedem que Israel permita a entrada de ajuda humanitária em Gaza, onde mais de 60 mil pessoas foram mortas e mais de 100 mil ficaram feridas nos últimos 18 meses. Segundo um porta-voz das Nações Unidas, os cerca de 100 caminhões de ajuda humanitária estão parados, sem a autorização dos militares de Israel para poderem levar os suprimentos aos palestinos. O exército israelense continua a intensificar a sua ofensiva terrestre em Gaza e ordenou que a população desprovida de recursos evacue Khan Yunis.
Nesta segunda-feira, 19, Reino Unido, França e Canadá emitiram uma declaração conjunta condenando a escalada do conflito: ‘’Nos opomos fortemente à expansão das operações militares em Gaza. O nível de sofrimento humano em Gaza é intolerável. O anúncio feito ontem de que Israel permitirá uma quantidade básica de alimentos em Gaza é totalmente inadequado.’’
A ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) fez denúncias contra Israel, acusando o país de limitar a entrada em Gaza de ajuda ‘’ridiculamente insuficiente’’, apenas para ‘’evitar a acusação de que está matando as pessoas de fome’’. Segundo a ONU, a população de cerca de 2,3 milhões de palestinos no território precisa de pelo menos 500 caminhões de suprimentos por dia, entre ajuda humanitária e bens comerciais.
Em uma declaração separada, o ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, anunciou que o governo ‘’suspendeu as negociações com este governo israelense sobre um novo acordo de livre comércio’’.
O governo Trump, no entanto, tem demonstrado apoio às ações de Israel em Gaza, com piadas de mau gosto feitas pelo presidente Donald Trump. Na terça-feira, 20, o comediante e podcaster Theo Von, que fez campanha para Trump e viajou ao Catar com ele semana passada, declarou: ‘’parece, para mim, que é um genocídio acontecendo enquanto estamos vivos, aqui, diante de nossos olhos. E sinto que preciso dizer algo sobre isso (...)acho que estamos assistindo, provavelmente, uma das coisas mais doentias que já aconteceram’’.
Tom Fletcher, diretor de ajuda humanitária da ONU, teme que 14 mil bebês possam morrer nas próximas 48 horas se ajuda humanitária suficiente não chegar a Gaza.