O Diálogo de Povos Indígenas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) reuniu representantes das sete regiões socioculturais reconhecidas pela ONU para reforçar a presença, o conhecimento tradicional e as prioridades dos povos originários na agenda climática global.
Na abertura, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, destacou que os indígenas desempenham um papel essencial na proteção do planeta. Ele afirmou que o Brasil vive um processo de revisão de antigas políticas equivocadas e passa a reconhecer com mais clareza a importância desses povos.
“Está cada vez mais evidente o papel extraordinário que vocês exercem ao proteger aquilo que muitos não souberam preservar”, declarou o embaixador.
O secretário executivo da UNFCCC, Simon Stiell, também enfatizou a centralidade dos povos originários, lembrando que a integridade dos territórios e a saúde da Terra são inseparáveis da vida das pessoas.
“Precisamos avançar da citação para a prática, garantindo que as cosmovisões e lideranças indígenas orientem a concepção, a execução e a avaliação das ações climáticas”, afirmou Stiell.
Ele reiterou compromissos como: ampliar a presença indígena em todas as instâncias da COP, garantir o consentimento livre, prévio e informado, aplicar princípios de cuidado e inserir conhecimentos tradicionais e direitos indígenas nos indicadores, nos orçamentos e nas estratégias de implementação climática.
Representando a Ásia, o filipino Joan Gillao fez um alerta sobre os impactos extremos já sentidos pelas comunidades.
“Enquanto estamos aqui hoje, povos indígenas em vários países asiáticos enfrentam eventos climáticos extremos”, relatou.
Gillao reforçou a necessidade de incluir no documento final da COP30 temas como direitos territoriais, consentimento livre, prévio e informado e autodeterminação. Ele lembrou que a inexistência de reconhecimento legal agrava a destruição dos territórios e reduz a capacidade dos povos indígenas de seguir protegendo suas áreas.
Fani Cuídu Castro, da América Latina e Caribe, destacou que a contribuição indígena não é simbólica, mas fundamental para a manutenção da vida.
“Nossa cosmovisão, nossa interconexão e nossa reciprocidade não são folclóricas. Elas formam uma estrutura política e ética capaz de sustentar a ação climática onde outras abordagens falharam”, afirmou.
Ela reforçou que áreas tituladas para povos originários registram índices de desmatamento três vezes menores do que a média e cobrou metas verificáveis.
“Os povos indígenas precisam de acesso direto aos recursos, por meio de canais específicos no GSEC, no Fundo de Adaptação e no Fundo de Perdas e Danos. Atualmente, menos de 1% chega diretamente às comunidades”, disse.
Com informações Agência Brasil
