Conclave

Cardeal americano Robert Francis Prevost é o novo papa; nome adotado pelo novo Pontífice é Leão XIV

Com um perfil progressista, dedicou-se à missão no Peru e é reconhecido como o "pastor de duas pátrias". No entanto, seu nome também carrega o peso de denúncias que marcaram sua trajetória

 

Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, uma nação majoritariamnete protestante, Prevost tem 69 anos e foi escolhido como sucessor do Papa Francisco, em anúncio oficial pela fumaça branca da chaminé da capela Sistina nesta quinta-feira (08). A cerimônia da conclave, durou apenas dois dias e contou com três votações até o anúncio oficial, que reconhece Prevost como Papa Leão XIV como primeiro pontifíce americano.



Grande parte da jornada do Papa Leão XIV foi trilhada na Ámerica Latina, com destaque para o Peru, onde se preparou até alcançar os mais altos cargos da Cúria Romana nos anos 80. Antes da Conclave, o Papa Leão representava a frente do Dicastério para os Bispos — responsável pela nomeação episcopal — e a presidência da Comissão Pontifícia para a América Latina. Essa experiência foi considerada um dos pontos fortes de sua candidatura, evidenciando sua capacidade de liderança e sua expêriencia como regente da Santa Igreja. De perfil discreto e voz serena, Prevost evita os holofotes e raramente concede entrevistas. É reconhecido como um reformista, alinhado aos valores que Papa Francisco defendia durante sua trajetória de discursos abertos e acolhedores, mas também remete conservadorismo quanto à discussões de identidade de gênero e a ordenação de mulheres diáconas.

Aos 22 anos, formou-se em Teologia pela União Teológica Católica de Chicago, consagrando o início de sua trajetória religiosa. Posteriormente, foi enviado a Roma para cursar Direito Canônico na Universidade de São Tomás de Aquino. Tornou-se fluente em espanhol durante sua atuação missionária no Peru, logo após em Trujillo, onde permaneceu por dez anos levando a mensagem do Evangelho — inclusive durante o regime autoritário de Alberto Fujimori, o ex-presidente acusado de ter ordenado a ação de um esquadrão da morte conhecido como 'Grupo Colina', responsável por dois massacres que resultaram na morte de 25 pessoas.

Apesar de sua passagem neutra, o Papa Leão XIV já esteve envolvido em um escândalo envolvendo denúncias de três mulheres, que o acusam de ter acobertado casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru e em Chicago, quando elas ainda eram crianças. Por outro lado, a diocese peruana nega as acusações e o caso segue em tramitação, onde o Vaticano ainda não concluiu a investigação. Nenhum dos dois padres exerce funções atualmente, sendo um afastado devido às denúncias e o outro por questões de saúde.

Além das questões internas e das controvérsias de seu passado, o Papa Leão XIV enfrentará novos desafios significativos em seu pontificado. Manter e avançar as pautas defendidas por seu antecessor, Papa Francisco, será uma tarefa intricada. Questões urgentes como as mudanças climáticas e a imigração, que ganharam destaque nos últimos anos exigem uma abordagem contínua e sensível. Da mesma forma, é necessário que o novo pontífice inspire confiança, respeito e autoridade, não apenas dentro da Igreja Católica, mas também entre diferentes culturas e nações.

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