POLÊMICAS DA GESTÃO

Prefeito de Ananindeua é multado por desmatamento ilegal na Amazônia

Daniel Santos, do PSB, é acusado de destruir 279,5 hectares de floresta nativa sem autorização ambiental; fazenda foi embargada pelo Ibama para recuperação

O prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), foi multado em R$ 1,4 milhão pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) após a identificação de desmatamento ilegal de 279,5 hectares de floresta nativa na Fazenda Agropecuária JD1, localizada em Tomé-Açu, no Pará. A área, equivalente a cerca de 300 campos de futebol, foi embargada para recuperação ambiental, um processo que pode levar anos.

A infração foi registrada após uma fiscalização realizada em junho deste anoe o processo administrativo começou a tramitar em setembro. Em novembro, o caso foi encaminhado à Procuradoria da República, que investigará possíveis implicações civis e criminais.

Embora a deputada federal Alessandra Haber (MDB-PA), esposa de Daniel Santos, conste como proprietária no cadastro ambiental, o nome do prefeito aparece vinculado ao imóvel e a multa foi aplicada diretamente em seu CPF. Além da Agropecuária JD1, o casal possui outras terras na região, como as fazendas Califórnia e Rancho Arizona, próximas ao rio Acará-Mirim.

A aquisição dessas propriedades já havia levantado suspeitas devido ao rápido crescimento patrimonial de Daniel Santos. Em 2019, antes de ingressar na política, ele declarou um patrimônio de R$ 351 mil. Apenas dois anos depois, esse valor saltou para R$ 4,85 milhões, incluindo R$ 3,15 milhões em propriedades rurais.

A autuação ocorre em um momento crítico para a região amazônica, que se prepara para sediar a COP30, evento global sobre mudanças climáticas. Belém, cidade vizinha a Ananindeua, será o palco da conferência que discutirá justiça ambiental em áreas periféricas. Entretanto, Ananindeua, governada por Daniel Santos, enfrenta desafios sociais graves, sendo a metrópole brasileira com maior percentual de população vivendo em favelas: 60,2% dos habitantes estão em condições precárias.

Em nota, Daniel Santos afirmou desconhecer a autuação e declarou que acionará seus advogados para acessar o relatório de fiscalização.

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