Trump reafirma plano de deportação em massa e segurança nas fronteiras em entrevista após vitória
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou em entrevista à NBC News que seu governo priorizará um rígido controle na fronteira e a implementação de um extenso programa de deportações em massa. Na conversa, realizada na quinta-feira, 07, ele frisou que “não há preço alto demais” para a execução dessas medidas, prometendo uma fronteira “forte e poderosa” a partir de janeiro, quando assume a presidência. Em tom de vitória, Trump disse que sua eleição representa “o retorno do bom senso” ao país, destacando que, ao longo da campanha, sua postura rígida em relação à imigração refletiu os anseios dos eleitores.
"Queremos que as pessoas venham, mas legalmente"
Trump ressaltou que seu governo não é contra a imigração em si, mas sim contra a entrada irregular. Ele afirmou que aqueles que desejam viver nos Estados Unidos devem “trazer amor pelo país” e seguir as normas legais de entrada. Em sua campanha, o presidente eleito havia prometido o que chamou de “maior operação de deportação da história americana”, destacando que criminosos e traficantes não terão espaço no país. Apesar da falta de dados exatos sobre o número de imigrantes ilegais com antecedentes criminais, Trump citou informações que apontam para um número significativo de migrantes com histórico de delitos, incluindo entrada ilegal e infrações como dirigir sob influência de substâncias.
Autoridades e especialistas apontam que o plano de deportação em massa de Trump, embora ambicioso, encontrará grandes desafios logísticos e financeiros. O diretor interino do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos EUA, Patrick Lechleitner, revelou que uma operação desse porte exigiria a colaboração de várias agências federais e um orçamento considerável. A cooperação do Departamento de Justiça e, possivelmente, do Pentágono seria fundamental para tornar a proposta viável, segundo ex-funcionários da administração Trump envolvidos em políticas de imigração durante seu primeiro mandato.
Apoio latino impulsiona vitória de Trump
Um dos aspectos surpreendentes desta eleição foi o apoio que Trump conquistou entre eleitores latinos, um grupo que tradicionalmente favorece candidatos democratas. Analistas acreditam que o crescimento do apoio entre eleitores latinos foi decisivo para a vitória republicana, especialmente entre os homens latinos, onde Trump venceu com uma margem de oito pontos. Mesmo com seu discurso rígido sobre imigração, que pode afetar milhões de latinos residentes no país, eleitores hispânicos parecem ter se identificado com sua agenda de segurança e combate ao crime. Trump atribuiu parte de seu sucesso entre os latinos ao que ele chama de “realinhamento” de valores políticos, argumentando que os democratas não estão em sintonia com o pensamento da maioria dos americanos, especialmente em temas como a segurança e a economia.
Polêmicas e promessas para fortalecer a segurança nacional
Trump, em sua proposta de intensificar o controle imigratório, pode ressuscitar algumas das políticas mais polêmicas de seu primeiro mandato, como a proibição de viagens de países predominantemente muçulmanos e a regra de “carga pública”, que limita a concessão de benefícios públicos a imigrantes com baixa renda ou deficiência. O Wall Street Journal informou que assessores de Trump preparam novas ordens executivas e regulamentos que afetariam a imigração, desde o reassentamento de refugiados até a contratação de trabalhadores estrangeiros por empresas americanas.
Entre os planos de Trump está também a chamada “Operação Aurora”, que envolveria uma antiga lei de tempos de guerra que permitiria a expulsão de estrangeiros considerados “inimigos”. A norma foi usada apenas três vezes na história dos Estados Unidos, sendo a última delas durante a Segunda Guerra Mundial. Esse esforço, se implementado, exigiria um rigoroso controle fronteiriço e uma série de ações de coordenação entre diferentes setores governamentais.
Conversas com Kamala Harris e Joe Biden após eleição
O presidente eleito compartilhou que teve conversas “muito agradáveis e respeitosas” com Kamala Harris e Joe Biden após a vitória. De acordo com Trump, ambos os líderes expressaram desejo de uma transição tranquila, algo que ele também afirmou apoiar. Ele ainda mencionou ter conversado com cerca de 70 líderes mundiais desde sua vitória, incluindo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Ele disse esperar conversas futuras com o presidente russo Vladimir Putin, embora ainda não tenham falado diretamente.
Reação internacional e posição do México
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, mencionou que teve uma conversa “muito cordial” com Trump, durante a qual o tema das fronteiras foi discutido. Ela expressou otimismo sobre a possibilidade de futuras negociações e garantiu que o programa de migração do México continuará em vigor. O ministro das Relações Exteriores mexicano, Juan Ramon de la Fuente, acrescentou que o país seguirá comprometido com suas políticas migratórias, reforçando a segurança e a cooperação na região.
Eleitorado americano se mostra insatisfeito com o cenário atual
Pesquisas de boca de urna realizadas pela CNN indicaram que quase três quartos dos eleitores estão insatisfeitos com o atual estado do país, especialmente com questões econômicas e de segurança. A administração Biden foi vista negativamente, com 58% de desaprovação. Entre os eleitores insatisfeitos, a maioria optou por Trump, especialmente aqueles que identificaram a economia como a principal prioridade. O sentimento geral entre os eleitores é de descontentamento, algo que Trump explorou em sua campanha ao prometer uma América mais segura e economicamente próspera.
Trump enfrenta agora o desafio de transformar suas promessas de campanha em realidade, à medida que se prepara para um segundo mandato repleto de controvérsias e expectativas.