A deputada Erika Hilton acionou o Itamaraty e denunciou o presidente dos Estados Unidos para a Organização das Nações Unidas(ONU) nesta quarta-feira (16/04) após receber um visto de entrada norte-americano que indicava seu gênero como sendo masculino. Eleita em 2022, Erika foi a primeira deputada federal trans nominada para o Congresso Nacional e discursaria com outras entidades brasileiras caso não tivesse suspendido a viagem.
Após receber convite para realizar uma palestra na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusett(MIT) em Cambridge, no estado de Massachussets, Erika confessou ter se surpreendido receber a documentação com o gênero masculino imposto na documentação, afinal, em 2023, a própria embaixada emitiu o visto da deputada conforme a identidade de gênero registrada nos documentos apresentados.
“O que o governo americano faz é uma violação dos meus direitos como cidadã, ele viola os documentos do meu país”, disse Erika nesta quinta-feira (17) em entrevista para a CNN. “Donald Trump não é dono dos Estados Unidos, Donald Trump não é dono da identidade de pessoas trans”, continuou.
Trump já manifestava ideologias e planos de ação contra a comunidade trans em sua campanha eleitoral. Quando tomou posse no início do ano, no primeiro dia de governo, decretou uma medida que restringe transições de gênero para menores de 19 anos, a proibição de pessoas transgênero servirem nas forças armadas e a proposta de transferência de mulheres trans encarceradas para cumprir pena em presídios masculinos. As duas últimas ações foram vetadas pela juíza Ana Reyes e pelo juiz George O’Toole, respectivamente.
Em comunicado, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil declarou que a política do país é reconhecer apenas dois sexos — masculino e feminino — considerados, segundo a própria embaixada, como 'imutáveis' desde o nascimento.