Floresta em Chamas

Incêndios provocam destruição histórica de florestas, segundo WRI

Dados divulgados nesta quarta-feira (21) revelam que a redução das florestas tropicais no mundo representou 6,7 milhões de hectares, e Brasil liderou o ranking

 

Em 2024, o mundo enfrentou uma destruição recorde de suas florestas tropicais primárias, causada principalmente por incêndios de proporções históricas. Países como o Brasil e a Bolívia perderam 6,7 milhões de hectares de floresta primária. A área destruída é tão grande quanto todo o território do Panamá e foi a maior já registrada pelo laboratório GLAD, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

Essas informações preocupantes foram divulgadas nesta quarta-feira (21) pelo Global Forest Watch, iniciativa do World Resources Institute (WRI): A destruição das florestas tropicais aumentou 80% em relação ao ano anterior, chegando a uma preocupante taxa de dezoito campos de futebol devastados por minuto. 

Dez países foram responsáveis por 87% de toda a perda de florestas registrada no ano passado. O Brasil lidera a lista, concentrando 42% de toda a destruição nas áreas tropicais. Em seguida, aparecem Bolívia — que subiu para a segunda posição —, República Democrática do Congo, Indonésia, Peru, Laos, Colômbia, Camarões, Nicarágua e México.

Os incêndios florestais são o principal fator para a perda vegetal, destacaram especialistas, e em florestas tropicais são quase sempre provocados pelo ser humano.

Também houve um recorde na perda de cobertura florestal em todo o mundo, o que mostra que o problema não se limitou apenas às florestas tropicais. O monitoramento revelou um aumento de 5% na destruição total em comparação com 2023, somando 30 milhões de hectares devastados. Pela primeira vez, os pesquisadores observaram grandes incêndios afetando tanto as florestas tropicais quanto as boreais.

Esse recorde, apontado pelo WRI, dificulta ainda mais o cumprimento da meta de acabar com a derrubada de florestas até 2030 — um compromisso assumido por 145 países durante a COP26, na Declaração de Glasgow.

As florestas têm um grande potencial para combater as mudanças climáticas, podendo capturar mais de 30% do carbono na atmosfera, funcionando como um enorme "sumidouro" de gases de efeito estufa.

O acadêmico e codiretor do Glad Lab, Peter Potapov, explicou que perdas significativas foram registradas até em áreas remotas, como o Alasca, partes do Canadá e na Sibéria. Potapov destaca a preocupação com o impacto nas florestas mais isoladas, pois "nos cenários intactos não há atividade industrial".

E o Brasil?

No caso do Brasil, Potapov destacou os fatores que estão contribuindo para o aumento da destruição das florestas intocadas.

A agricultura industrial, a mineração e a exploração madeireira são os principais responsáveis por sua perda" disse à Agência Brasil.

Esse aumento é também resultado da grande quantidade de gases de efeito estufa liberados pelos incêndios, que emitiram 4,1 gigatoneladas — quatro vezes mais do que em 2023. 

"Isso tem que ser um chamado para todos os países, os negócios, porque, se continuar nesse caminho, vamos devastar tudo, não vamos frear a mudança climática e teremos grandes impactos” a codiretora da GFW alertou.

De acordo com o professor Matt Hansen, também codiretor do Glad Lab, o relatório que traz as informações consolidadas marca uma década de dados preocupantes. "Estamos vendo esse relatório como más notícias", resumiu.

A equipe do Glad Lab também informou que as taxas de perda não relacionadas a incêndios aumentaram 13% em 2024, embora ainda estejam abaixo dos níveis mais altos registrados no início dos anos 2000 e durante o governo anterior.

No relatório, os pesquisadores apontam principalmente o desmatamento para o cultivo de soja e a pecuária como as principais causas da perda das florestas primárias. Eles reconhecem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem tentado proteger os biomas com políticas socioambientais, como a revogação de leis, a demarcação de terras indígenas e ações para garantir o cumprimento da legislação existente. No entanto, eles alertam que essa proteção ainda está sendo ameaçada pela expansão agropecuária.

A Amazônia registrou a maior perda de vegetação desde o recorde de 2016, com um aumento de 110% entre 2023 e 2024, sendo os incêndios o principal fator desse aumento no ano passado. O Pantanal, por outro lado, foi o bioma com o maior percentual de perda de cobertura arbórea.

 Com informações Agência Brasil.

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