O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, isentou e expediu alvará de soltura em favor de Jeferson França da Costa Figueiredo, que respondia a uma ação penal por envolvimento nos atos golpistas que resultaram na invasão e depredação dos Palácios da República, no dia 8 de janeiro de 2023.
Em sua decisão, publicada na última sexta-feira, 3, Moraes, que é o relator das ações no STF sobre os atos golpistas, acolheu os argumentos da Defensoria Pública e da Procuradoria Geral da República (PGR), afirmando que Jeferson é morador de rua e não tinha a intenção de promover um golpe de Estado, em associação com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Ministério Público analisou em alegações finais, que a autoria delitiva não foi suficientemente comprovada, persistindo dúvida razoável acerca do dolo do agente. Ante os depoimentos prestados pelo denunciado e a narrativa apresentada pela defesa técnica, em cotejo com a ausência de outros elementos probatórios, subsiste dúvida razoável quanto à autoria delitiva, especificamente no que diz respeito à presença do elemento subjetivo (dolo).
Conforme os autos, Jeferson chegou ao acampamento montado em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília, para pedir comida, no dia 6 de janeiro de 2023, dois dias antes da invasão às sedes dos Três Poderes. Ele permaneceu no local até o dia 9 de janeiro, quando foi impedido por militares de sair e detido no mesmo dia. Ele chegou a obter liberdade provisória ainda naquele mês, mas foi preso novamente em novembro de 2023 por descumprir ordem de comparecer em juízo, passando a cumprir pena na Penitenciária de Andradina, interior de São Paulo, onde ficou por pouco mais de um ano.
O processo também descreve que Jeferson possui registro de atendimento no Centro de Atendimento à População em Situação de Rua (Centro Pop) de Ponta Grossa (PR), é andarilho, obtém renda por meio de pequenos serviços e doações e não possui endereço fixo, pernoitando em albergues, hotéis ou postos de combustível.
Esta é a quinta absolvição de um réu envolvido nos atos golpistas. De acordo com o STF, ao todo, das 1.552 ações penais em trâmite, houve 371 condenações e 527 acordos de não persecução penal. Há 78 presos provisórios, 70 presos definitivos (cumprindo condenação) e sete em prisão domiciliar.
Memória
Na próxima quarta-feira (8), quando se completam dois anos da tentativa de golpe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordenará uma cerimônia em memória aos episódios antidemocráticos no Palácio do Planalto. O evento tem como atos previstos a reincorporação de 21 obras de arte vandalizadas durante a invasão ao palácio, a realização de uma sessão pública com autoridades e uma atividade com participação popular na Praça dos Três Poderes, que está sendo chamada de Abraço da Democracia
Participarão autoridades da República, integrantes do Ministério da Cultura (MinC), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Embaixada da Suíça, além de movimentos sociais.
Um dos momentos previstos é o descerramento do quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti. Outro será a entrega das obras de arte, incluindo um relógio suíço do século XVII e uma ânfora italiana, considerados símbolos da dificuldade e delicadeza dos reparos. O relógio foi consertado na Suíça sem custo para o governo brasileiro.
Também será comunicado o término do processo de restauro com a entrega de todas as 21 obras restauradas.
Com informações de Agência Brasil