Indiciado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um plano para subverter o resultado das eleições, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou se considerar vítima de perseguição e admitiu a possibilidade de buscar refúgio em uma embaixada, caso sua prisão seja decretada. A declaração foi dada em entrevista ao portal UOL.
Bolsonaro está entre as 37 pessoas indiciadas pela PF na última semana. O processo foi encaminhado nesta terça-feira à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a entrevista, o ex-presidente relembrou operações de busca realizadas contra ele e classificou as ações como arbitrárias.
Sobre a hipótese de exílio, Bolsonaro afirmou:
“Embaixadas são locais reconhecidos para proteger quem se sente perseguido. Se eu tivesse algo a dever, não teria retornado ao Brasil, teria ficado nos Estados Unidos.”
Estadia na embaixada da Hungria
De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, Bolsonaro chegou a se abrigar na embaixada da Hungria, logo após ter seu passaporte confiscado pela PF em fevereiro deste ano. Registros de câmeras de segurança mostram o ex-presidente dentro da sede diplomática, onde permaneceu por dois dias acompanhado de seguranças e do embaixador Viktor Orban, seu aliado político.
O direito ao refúgio em embaixadas é garantido pelo direito internacional como forma de proteção para indivíduos perseguidos por motivos políticos, religiosos ou sociais. No entanto, a concessão depende das regras de cada país. Na União Europeia, por exemplo, o pedido precisa demonstrar risco real e fundamentado de perseguição.
Negativa de envolvimento em golpe
Bolsonaro nega ter planejado atos golpistas e rejeita acusações de participação em um suposto plano de prisão ou assassinato do presidente Lula e outras autoridades. “Discutir artigos da Constituição não é crime. Não houve avanço de qualquer proposta, foi tudo debate hipotético”, disse o ex-presidente.
Implicações legais e reflexos políticos
Especialistas apontam que as acusações enfrentadas por Bolsonaro podem aprofundar seu isolamento político e complicar sua defesa. O refúgio em uma embaixada poderia evitar sua prisão imediata, mas geraria implicações diplomáticas complexas, principalmente em um contexto de vigilância internacional sobre o Brasil.
Com informações do UOL
