Com 68 anos, o ministro Gilmar Mendes, é o membro mais veterano da atual configuração do Supremo Tribunal Federal. Está no STF desde junho de 2002, após ser indicado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e aprovado no Senado Federal com 57 votos para substituir o ministro José Néri da Silveira, nomeado em 1981 pelo ditador João Figueiredo, o último presidente do regime militar.
No STF, a antiguidade confere status. O ministro com mais tempo de Casa desfruta do título de “decano”. Alguém que atua como ponto de interlocução e diálogo com os demais ministros, como o próprio Gilmar Mendes define.
Hábil em articulação, lida com políticos e líderes de todos os espectros partidários; e ainda atende cordialmente jornalistas em seu gabinete, decorado com quadros que emolduram entrevistas e charges nas quais é personagem. Nas sessões do tribunal, defende a própria Corte e os outros ministros quando considera necessário.
Acostumado à conciliação e também a embates amplamente conhecidos, o ministro se sentiu abalado com a destruição do plenário do Supremo em 8 de janeiro de 2023
Para ele, observar parte do edifício do STF destruído provocou emoções que ainda não havia experimentado durante seu longo mandato, gerando um misto de revolta, vergonha e um sentimento de (ter sofrido) uma agressão.
De acordo com o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o prédio do STF foi o mais atingido pelo vandalismo da manifestação. Os danos ao local, incluindo a recuperação e aquisição de equipamentos, mobiliário, obras de arte, relíquias e outros objetos, custaram R$ 11,41 milhões aos cofres públicos – bem acima dos valores verificados no Senado Federal (R$ 3,5 milhões), na Câmara dos Deputados (R$ 3,55 milhões) e no Palácio do Planalto (R$ 4,3 milhões).
Para Gilmar Mendes, a destruição do edifício foi colérica e resultou de manipulação.
Atuação na pandemia
Na visão do decano, a desilusão de parte da opinião pública foi alimentada, por exemplo, quando o STF decidiu em 2020 que a vacinação compulsória contra a covid-19 era constitucional.
Para ele, o que a Corte determinou foi a aplicação de normas racionais sobre a pandemia, [e] repudiar o negacionismo, reforçar a posição dos governadores que desejavam aplicar um tratamento científico e evitar o uso de placebo ou medicamentos como cloroquina ou ivermectina. Em suma, o Tribunal teve um papel significativo. Muito provavelmente, pessoas e famílias que foram salvas devido à ação do tribunal se colocaram contra ele.
Com informações de Agência Brasil